|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para teólogo, ato de bispo tem amparo na Bíblia
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve de fome do bispo de
Barra (BA), dom Luiz Cappio,
tem amparo bíblico, segundo o
teólogo Geraldo Hackmann,
professor da PUC-RS e único
brasileiro na Comissão Teológica Internacional do Vaticano.
"É uma forma pacífica de se pedir uma mudança", diz ele.
Ao longo da semana, os religiosos que apóiam dom Luiz
Cappio, como o bispo auxiliar
de São Paulo dom Pedro Stringhini, repetem que ele não fez
greve de fome, mas jejum, que
está regulamentado pelo Vaticano. O Código de Direito Canônico afirma que todos os católicos devem se privar de alimento por um ou mais dias durante o ano para refletir sobre
seus pecados.
Não é o caso de d. Luiz, que
viveu à base de soro na tentativa de barrar a transposição do
rio. Tanto que d. Aldo Pagotto,
arcebispo da Paraíba, tem afirmado que o ato do bispo de Barra não é religioso, é político.
Para Hackmann, o jejum de
d. Luiz se enquadra no exemplo
do profeta Jeremias, no Antigo
Testamento, que era crítico do
rei Sedecias e de sua política externa que teria levado à destruição de Jerusalém. "O ato de
d. Luiz lembra o que se chama
de gesto profético", afirma o
teólogo. Um gesto profético
ocorre, por exemplo, quando
uma pessoa toma medidas políticas inspirada por princípios
religiosos, mesmo que sob risco
de vida. Acredita-se que o profeta é inspirado por Deus.
O problema é uma questão
de consciência, na opinião dos
religiosos. Segundo eles, se
dom Luiz estiver convicto de
que a greve é inspirada por
Deus, tudo bem.
Texto Anterior: Memória: Em 1998, Lula apelou a FHC por grevistas Próximo Texto: Consórcio vence licitação de 1º lote do São Francisco Índice
|