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INVESTIGAÇÃO
Considerado ultra-secreto pela polícia, setor é capaz de grampear até 50 telefones simultaneamente
PF tem centro especializado em grampo
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
A Polícia Federal mantém
de modo reservado em sua sede no Rio um
centro de escuta
capaz de grampear até 50 telefones simultaneamente.
O trabalho na repartição -batizada de Sima (Setor de Informações, Monitoramento e Análise)-
é qualificado como ultra-secreto
pelo comando da PF. Só 20 policiais federais entram no Sima.
A Folha apurou na superintendência carioca da Polícia Federal
que já foram grampeados até mesmo telefones de funcionários públicos suspeitos de envolvimento
em fraudes administrativas.
Os grampos funcionam as 24 horas do dia. Os policiais trabalham
em equipes de cinco integrantes,
que se revezam noite e dia escutando conversas de suspeitos da prática de crimes como narcotráfico e
lavagem de dinheiro.
De acordo com a Superintendência da PF no Rio, só são escutadas e
gravadas conversas mantidas em
telefones grampeados a partir de
uma autorização judicial.
A escuta telefônica é legal quando determinada pelo Poder Judiciário, conforme prega a lei federal
9.296, de 1996. Quando feita sem
ordem judicial, seu autor está praticando o crime de interceptação
telefônica clandestina.
A lei só permite a interceptação
de comunicações telefônicas de
pessoas acusadas de envolvimento
"em crimes punidos com a pena de
reclusão".
Para grampear o telefone, a PF
aciona a Telerj, que abre uma extensão da linha dentro do Sima.
O funcionamento do Sima é cercado de sigilo. O órgão está instalado em uma área reservada no térreo do prédio da Polícia Federal,
na praça Mauá. O acesso de agentes sem autorização é expressamente proibido.
Por ordem da direção da PF, só
são designados para o Sima policiais considerados de absoluta
confiança, com ficha funcional
limpa. O Sima é vinculado à Delegacia Regional de Polícia, que controla toda a atividade policial desenvolvida na superintendência.
Os "arapongas" do Sima não gravam os telefonemas para ouvir as
conversas depois.
As conversas são ouvidas na hora, para que, em caso de necessidade, seja acionado um esquema repressivo de emergência.
Até mesmo policiais federais já
foram vítimas das escutas do Sima.
A Polícia Federal expulsou recentemente dois agentes que tiveram
os telefones grampeados por colegas do Sima. Eles foram acusados
de participação em um esquema
de tráfico de drogas.
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