São Paulo, quarta, 21 de janeiro de 1998.



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NO AR
TV Câmara

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Pela ordem de entrada no ar: TV Senado, TV Legislativo, dos deputados estaduais de São Paulo, TV Câmara, dos vereadores de São Paulo, e TV Câmara, dos deputados federais.
O que começou um ano e meio atrás -por ação de José Sarney- como mais uma idéia fora de lugar, mal adaptada do canal C-Span dos EUA, tornou-se um monstrengo de pelo menos quatro cabeças, em São Paulo.
Ao contrário do C-Span, que é independente e não se restringe às vontades dos políticos, os canais brasileiros são propriedade dos mesmos. Seguem o jogo de poder interno de cada "casa".
A TV Câmara, ontem, era enaltecida na Record por um deputado pefelista baiano e um deputado petista paulista. Para ambos, trata-se de informar o eleitor, não de vender uma boa imagem.
Mas é de publicidade que se trata, não de "transparência", palavra ouvida ontem. A TV Câmara está sob as ordens dos deputados.
Tanto é publicidade -sobretudo em ano eleitoral- que foi promessa de campanha eleitoral de Michel Temer, quando candidato a presidente da Câmara.
Tanto é, que os deputados se enfrentavam para falar durante a estréia. FHC, sempre falante, mandou um depoimento exclusivo.
Ontem, o mesmo Michel Temer tratava de justificar o canal (e o R$ 1,3 milhão investido) dizendo que deve garantir quórum na Câmara.
- Ajuda. Ajuda, sem dúvida... O deputado falará para milhões...
"Para milhões", não mais para as poucas dezenas de deputados que passeiam pelo plenário, sem dar maior atenção aos discursos.
Para milhões, talvez não. Mas para uma audiência elevada, principalmente se for confirmada a transmissão em televisão aberta, a partir do mês de março.
E será, em ano eleitoral.



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