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ELEIÇÕES 2002
Tucanos reagem procurando despartidarizar o problema, que é tema dos principais pré-candidatos à Presidência
PSDB teme ônus eleitoral da insegurança
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O assassinato do prefeito Celso
Daniel acendeu ontem no PSDB o
temor de que o partido venha a
ser responsabilizado pelo crime
na campanha eleitoral, tanto para
a Presidência da República quanto para o governo paulista. O presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo
Alckmin são tucanos.
O presidente reagiu com rapidez. Não só determinou pessoalmente que a Polícia Federal entrasse no caso, como decidiu dar
uma entrevista sobre o episódio.
Pensa ainda em anunciar medidas que dêem autonomia à PF para atuar em casos de sequestro.
Para os tucanos está evidente
que o governo federal poderá ser
responsabilizado pela opinião pública. Isso já ocorreu no caso do
massacre de sem-terras em Eldorado do Carajás, no Pará, governado pelo tucano Almir Gabriel.
Por isso o PSDB procura despartidarizar o episódio. "É uma
barbárie. Estão se multiplicando
os grupos que atuam na supressão da liberdade de cada um de
nós. É preciso uma ação forte do
Estado", disse o presidente da sigla, deputado José Aníbal (SP).
Aníbal esteve em contato com o
presidente do PT, José Dirceu,
tentando atrair a sigla "para uma
convergência na adoção de medidas no Legislativo".
O esforço tucano para despartidarizar o assassinato encontrou
ressonância até mesmo em Roseana Sarney, governadora do
Maranhão e presidenciável do
PFL, que considerou o episódio
"acima de partidos e ideologias".
A exemplo de FHC, que tinha
na segurança uma das cinco prioridades de campanha, o tema é
obrigatório na agenda dos candidatos já lançados a 2002.
Pré-candidato do PSDB, o ministro José Serra defendeu uma
"grande mobilização nacional,
como prioridade absoluta para
conter e enfrentar a violência de
forma decidida, com a participação e integração de todas as polícias" e níveis de governo.
Roseana tem tratado do assunto
como um dos problemas que não
foi resolvido pelo atual presidente
e que teria prioridade em um
eventual governo pefelista.
O problema também já foi abordado na proposta de programa de
governo do presidenciável do
PPS, Ciro Gomes. Nela, são defendidas idéias que vão da estatização das indústrias de armas ao aumento do efetivo da PF.
O governador do Rio e pré-candidato à Presidência, Anthony
Garotinho (PSB), disse que o recrudescimento da violência em
São Paulo mostra falta de "ação
coordenada" entre os Estados.
O presidente do PMDB, Michel
Temer, não tem dúvidas: "É um
tema fundamental na campanha.
Esse lamentável episódio sem dúvida reforça essa tendência".'
A natureza do assassinato, segundo Temer, ex-secretário de
Segurança Pública de São Paulo, é
o que determinará o efeito eleitoral do crime na campanha. "Se for
um crime comum, creio que não
haverá consequências eleitorais".
Para o ministro Raul Jungmann
(Desenvolvimento Agrário), inscrito na prévia do PMDB, "é preciso rever a questão do comando
político sobre o aparato local".
A violência, com 14%, aparece
em São Paulo como o segundo
maior problema a ser enfrentado
pelo governo federal, de acordo
com pesquisa nacional do Datafolha feita entre 12 e 14 de dezembro. Perde só para o desemprego,
que lidera com 34%. No país, 10%
dos entrevistados mencionaram a
questão como o maior problema.
Antes dela estão desemprego,
com 31%, fome e miséria, com
13%, e saúde, com 11%.
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