São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2002

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ELEIÇÕES 2002

Tucanos reagem procurando despartidarizar o problema, que é tema dos principais pré-candidatos à Presidência

PSDB teme ônus eleitoral da insegurança

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O assassinato do prefeito Celso Daniel acendeu ontem no PSDB o temor de que o partido venha a ser responsabilizado pelo crime na campanha eleitoral, tanto para a Presidência da República quanto para o governo paulista. O presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin são tucanos.
O presidente reagiu com rapidez. Não só determinou pessoalmente que a Polícia Federal entrasse no caso, como decidiu dar uma entrevista sobre o episódio.
Pensa ainda em anunciar medidas que dêem autonomia à PF para atuar em casos de sequestro.
Para os tucanos está evidente que o governo federal poderá ser responsabilizado pela opinião pública. Isso já ocorreu no caso do massacre de sem-terras em Eldorado do Carajás, no Pará, governado pelo tucano Almir Gabriel.
Por isso o PSDB procura despartidarizar o episódio. "É uma barbárie. Estão se multiplicando os grupos que atuam na supressão da liberdade de cada um de nós. É preciso uma ação forte do Estado", disse o presidente da sigla, deputado José Aníbal (SP).
Aníbal esteve em contato com o presidente do PT, José Dirceu, tentando atrair a sigla "para uma convergência na adoção de medidas no Legislativo".
O esforço tucano para despartidarizar o assassinato encontrou ressonância até mesmo em Roseana Sarney, governadora do Maranhão e presidenciável do PFL, que considerou o episódio "acima de partidos e ideologias".
A exemplo de FHC, que tinha na segurança uma das cinco prioridades de campanha, o tema é obrigatório na agenda dos candidatos já lançados a 2002.
Pré-candidato do PSDB, o ministro José Serra defendeu uma "grande mobilização nacional, como prioridade absoluta para conter e enfrentar a violência de forma decidida, com a participação e integração de todas as polícias" e níveis de governo.
Roseana tem tratado do assunto como um dos problemas que não foi resolvido pelo atual presidente e que teria prioridade em um eventual governo pefelista.
O problema também já foi abordado na proposta de programa de governo do presidenciável do PPS, Ciro Gomes. Nela, são defendidas idéias que vão da estatização das indústrias de armas ao aumento do efetivo da PF.
O governador do Rio e pré-candidato à Presidência, Anthony Garotinho (PSB), disse que o recrudescimento da violência em São Paulo mostra falta de "ação coordenada" entre os Estados.
O presidente do PMDB, Michel Temer, não tem dúvidas: "É um tema fundamental na campanha. Esse lamentável episódio sem dúvida reforça essa tendência".'
A natureza do assassinato, segundo Temer, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, é o que determinará o efeito eleitoral do crime na campanha. "Se for um crime comum, creio que não haverá consequências eleitorais".
Para o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), inscrito na prévia do PMDB, "é preciso rever a questão do comando político sobre o aparato local".
A violência, com 14%, aparece em São Paulo como o segundo maior problema a ser enfrentado pelo governo federal, de acordo com pesquisa nacional do Datafolha feita entre 12 e 14 de dezembro. Perde só para o desemprego, que lidera com 34%. No país, 10% dos entrevistados mencionaram a questão como o maior problema. Antes dela estão desemprego, com 31%, fome e miséria, com 13%, e saúde, com 11%.


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