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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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MATO GROSSO DO SUL

Funcionários teriam usado máquina em favor do petista

Zeca renomeia coordenador afastado

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, renomeou ontem o ex-coordenador estadual do programa estadual de cestas básicas Neriberto Pamplona, afastado do cargo em outubro do ano passado após reportagem da Folha revelar que ele e seus subordinados faziam reuniões com moradores pobres para pedir votos a Zeca e a Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a nomeação de Pamplona, Zeca termina de trazer de volta todos os cinco funcionários de alto escalão de seu governo que haviam sido afastados às vésperas do segundo turno, supostamente por terem usado a máquina pública para pedir votos à reeleição do governador.
Na reunião que a reportagem acompanhou, realizada poucos dias antes do segundo turno, uma das coordenadoras do programa pedia votos aos dois petistas. No final, 32 pessoas deixaram seus nomes e endereços com a promessa de serem incluídos no programa de cesta básica.
O governo diz que abriu uma sindicância interna, que absolveu Pamplona. A Agência Folha não teve acesso ao documento, sob a alegação de que é sigiloso.
De acordo com a presidente da sindicância, Rosimeire Cecília da Costa, não houve irregularidade porque as reuniões eram feitas fora do horário de expediente.
Pamplona foi nomeado coordenador de programas, com salário mensal de cerca de R$ 2.200. Em entrevista à Agência Folha, o ex-coordenador afirmou que sua função ainda não foi definida e que "dificilmente" voltará ao programa de cestas básicas.

Carro oficial
No dia 2 de janeiro, Zeca do PT renomeu Marlene Rondon para a direção do Detran, de onde ela havia sido exonerada após ser presa em flagrante pela Polícia Federal com propaganda política dentro de um carro oficial no pátio do órgão. Ela disse à polícia que levaria o material para o correio "por orientação do comando do PT".
O advogado do PT Valeriano Fontoura, disse que não há nenhum processo contra a diretora-adjunta do Detran na Justiça.
Em novembro, o governador petista reconduziu ao cargo o comandante-geral da Polícia Militar, José Ivan de Almeida, que havia utilizado o serviço de comunicação da corporação para convocar oficiais a um ato pró-Zeca.
Almeida havia sido afastado a pedido de Justiça Eleitoral, que, em razão do episódio, aprovou o envio de tropas federais a Mato Grosso do Sul no segundo turno. À época, o governo também não deu explicações.
Também haviam sido exonerados dois oficiais da PM que haviam pedido votos a Zeca durante uma reunião de tropa, em Dourados, no interior do Estado. Eles foram recolocados em seus cargos dois dias após a eleição.
A candidata derrotada no segundo turno, Marisa Serrano (PSDB), criticou as renomeações: "Ele só exonerou para uma satisfação momentânea durante a campanha. Isso é um engodo".


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