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Em encontro com líderes, ministro faz um desabafo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) aproveitou o encontro de
ontem com líderes e vice-líderes
da coalizão governista para fazer
um desabafo: não é favorável à
"Lei da Mordaça", só defende que
a Constituição "seja respeitada".
O ministro usou boa parte da
conversa com aliados para criticar o Ministério Público e a imprensa. Os procuradores por adotar procedimentos que julga incompatíveis com a Constituição,
como o vazamento de informações ainda sujeitas à comprovação, e a imprensa, por divulgá-las.
Segundo a Folha ouviu de presentes, Dirceu afirmou que jornais, sem citar quais, submetem
textos a advogados para se precaver de processos. Disse que, se
fosse deputado, já teria discursado contra os abusos que teriam sido praticados recentemente.
O problema, segundo Dirceu, é
que o Ministério Público vazaria
informações ainda em fase de investigação, que podem ou não se
confirmar. Publicadas na base do
"se", atingem irremediavelmente
a pessoa suspeita, mesmo que depois seja considerada inocente.
Na sexta-feira da semana passada, Dirceu discursou em ato de
desagravo a Greenhalgh ocorrido
na sede da OAB em São Paulo.
Afirmou que a Constituição era
"violada diariamente por uma série de procedimentos ilegais do
Ministério Público e de alguns órgãos de imprensa".
As declarações geraram várias
manifestações contrárias da parte
de entidades representativas de
setores do Poder Judiciário. Ontem, foi a vez da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros),
que, em nota assinada por seu
presidente, Cláudio Baldino Maciel, afirmou que a independência
do Ministério Público é "indispensável" à democracia.
O ministro foi além ontem.
Questionou, segundo o relato de
presentes, de que adiantava o ato
de desagravo a Greenhalgh se ele
não recebera nenhuma indenização e nenhum reparo moral.
Genoino
O presidente nacional do PT, José Genoino, criticou ontem a reação do Ministério Público às declarações de José Dirceu e afirmou que "alguns procuradores
estão se fazendo de vítimas".
Genoino disse que o PT defende
o "controle duro e democrático"
do Ministério Público e que "não
há Poder intocável na República".
"Existem setores do Ministério
Público que estão exagerando",
afirmou, ao sair de uma reunião
com a bancada do PT na Câmara.
"Quando há abusos e erros no
Congresso não se critica? Quando
há no Judiciário não se critica?
Quando há no Executivo não se
critica? Então porque não criticar
o Ministério Público?", disse.
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