São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na África, Fórum festeja Brasil, mas critica Lula

Organizadora africana do evento diz que não faltaram convites para o presidente

"Aquarela do Brasil", canção de Ari Barroso, e o cantor Martinho da Vila fizeram "conexão" Brasil-África na abertura do encontro

Karel Prinsloo/AP
Militantes participam da abertura do Fórum Social Mundial em Nairóbi, capital do Quênia


ANA FLOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,

EM NAIRÓBI O Fórum Social Mundial começou ontem com uma marcha pelas ruas de Nairóbi, capital do Quênia, que reuniu 5 mil pessoas, segundo a organização do evento. Os manifestantes caminharam por cerca de cinco quilômetros. Saíram de Kibera, a maior favela de toda a África, até o parque Uhuru, no centro da cidade.
No parque, a organização do Fórum estimava em 10 mil o número de pessoas que esperavam a vinda da marcha. O local serviu de palco para a cerimônia de abertura. Apesar da ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não faltaram menções ao Brasil.
A começar por "Aquarela do Brasil", música de Ari Barroso que teve o refrão repetido pelo público, passando pela apresentação de Chico Whitaker, do secretariado internacional do Fórum, como "pai do Fórum". Também aconteceu um show de Martinho da Vila, convidado para fazer a "conexão" entre África e Brasil.
Uma das coordenadoras locais do evento, Wahu Kaara, disse que o Fórum em Nairóbi é uma "realização" para a África. Ela diz que um dos poucos desgostos que teve foi a ausência de Lula. "Nós já nos encontramos em Porto Alegre", disse ela, que na época participava de uma campanha de combate à pobreza. "Não foi por falta de convite ou problemas logísticos que ele não veio", lamentou ela.

Os alvos
Os principais alvos dos manifestantes durante a marcha de abertura eram, como de costume no Fórum, a globalização, os países ricos, o Banco Mundial e o presidente dos Estados Unidos, George Bush. Temas mundiais, mas de maior interesse para a África, também apareceram, como o combate à Aids, o perdão da dívida externa dos países pobres e as guerras, como a invasão da Somália pela Etiópia no final do ano passado para tomar a capital e evitar o controle do país por milícias islâmicas.
Como os Estados Unidos bombardearam a Somália em busca de membros da rede terrorista Al Qaeda, diversos cartazes cobravam o "patrocínio" americano para a invasão da Somália pela Etiópia. Os dois países são vizinhos do Quênia.
A única personalidade festejada na marcha foi o ex-presidente de Zâmbia, Kenneth Kaunda, líder independista que é considerado um dos "grandes homens" africanos.
Dezenas de crianças residentes em Kibera, favela com cerca de 1 milhão de habitantes e mostrada no filme "O Jardineiro Fiel", de Fernando Meirelles, participaram da caminhada. Elas usavam camisas e cartazes que diziam que "um outro mundo é possível para moradores de favelas".
Para os organizadores do evento, esta edição na África lembra o primeiro Fórum Social Mundial, realizado em 2001, em Porto Alegre. Isto porque o Fórum é desconhecido para muitos africanos. "As pessoas estão descobrindo e se alegrando", disse Whitaker.


Texto Anterior: Depoimentos não têm valor, diz advogado
Próximo Texto: Elio Gaspari: De Odebrecht.edu para Odebrecht.com
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.