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Defesa de ex-assessor acusará Dilli
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANÁPOLIS
A defesa de Waldomiro Diniz
alegará que o pedido de propina
feito ao empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, registrado em uma fita
de vídeo em 2002, tinha como
destinatário Armando Dilli.
Dilli, que assessorou Waldomiro quando ele presidia a Loterj
(Loteria do Estado do Rio de Janeiro) e depois passou a trabalhar
para Cachoeira, morreu em 21 de
dezembro de 2002. Segundo Cachoeira informou ao Ministério
Público Federal, sem no entanto
consignar formalmente no depoimento, Dilli recebia R$ 15 mil
mensais como pagamento, mas
na verdade continuava a trabalhar para Waldomiro.
No depoimento, Cachoeira disse que gravou a conversa, que registra o pedido de propina e de
contribuições para campanhas
eleitorais, para se defender, pois
estaria sendo vítima de constantes achaques praticados pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República.
Cachoeira disse que encaminhou a fita de vídeo ao senador
Antero Paes de Barros (PSDB-MT) por acreditar que a Polícia
Federal não investigaria o caso.
"Waldomiro é um homem muito
poderoso", comentou o empresário com os procuradores que colhiam seu depoimento.
As razões que Cachoeira apresentou para gravar a fita estão
sendo minuciosamente estudadas pela defesa de Waldomiro. Se
conseguir comprovar sua intenção, pode usar a gravação em sua
defesa. Mas, no pacote entregue
ao senador tucano, além da conversa, há o registro de imagens do
ex-assessor palaciano no aeroporto de Brasília, com uma sacola
na mão. Esse elemento coloca
uma nova suspeita contra o empresário: poderia estar também
por trás dessa gravação, em procedimento ilícito, pois as imagens
foram produzidas pelas câmaras
do sistema de segurança do aeroporto, que pertencem à estatal Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária).
Cachoeira
"Eu não quero falar sobre isso",
disse ontem Carlinhos Cachoeira
após ler pela internet a notícia de
que Waldomiro Diniz afirma ter
se encontrado com ele em janeiro
do ano passado. Cachoeira, porém, não negou o encontro.
Cachoeira afirma ter dito na
madrugada de anteontem ao Ministério Público Federal que gravou a fita na qual aparece conversando com Waldomiro e a entregou ao senador Antero Paes de
Barros (PSDB-MT). Ele disse que
foi extorquido por Waldomiro.
Em Goiás, Cachoeira é dono da
empresa Gerplan, que opera, com
autorização do governo estadual,
11.400 máquinas de caça-níqueis.
À tarde, o empresário afirmou
que ainda não sabia da decisão do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, determinando o fechamento
dos bingos e máquinas caça-níqueis em todos o país. Informado
sobre a medida, ele não quis dar
entrevista. "Não quero comentar
esse caso", afirmou.
Desde domingo, a reportagem
mantém contato com o empresário. Foram pelo menos dez telefonemas e três encontros: um na casa dele e dois na empresa Vitapan
Indústria Farmacêutica em Anápolis (GO). Em todas as ocasiões,
ele não quis falar sobre a gravação
da fita e a sua relação com Diniz.
Cachoeira disse também que
não estava gravando a conversa
com a reportagem. "Agora ninguém vai querer conversar comigo", diz sobre a suspeita de que ele
costuma filmar seus encontros.
(ANDRÉA MICHAEL e HUDSON CORRÊA)
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