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"É incompetência demais", critica Rainha
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No comando de uma onda de
invasões em São Paulo, o líder
do MST José Rainha Júnior,
46, disse ontem que as ações
dos sem-terra tendem a aumentar caso o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não mude o
comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário, hoje
nas mãos da tendência petista
DS (Democracia Socialista).
"Se não houver uma mudança no ministério na qual chame
os movimentos sociais e as forças do campo para apontar um
caminho, eu não tenho dúvida
de que haverá grandes mobilizações", afirmou Rainha, afastado das coordenações estadual
e nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra). "Estou na senzala,
atuando apenas na base do movimento", disse.
O líder dos sem-terra falou à
Folha, por telefone, do Pontal
do Paranapanema (extremo
oeste de São Paulo), onde organiza famílias de sem-terra em
acampamentos e invasões.
"Quem está produzindo fique
dormindo sossegado, tanto no
Brasil como em São Paulo."
Sobre o fato de responder em
liberdade a condenações por
porte ilegal de arma e formação
de quadrilha, ele declara não temer uma nova ordem de prisão.
"Eu tenho medo de meus filhos serem arrastados na rua
por um carro, no Rio de Janeiro
ou aqui em Presidente Prudente. De resto, não tenho nenhum
medo. O meu lugar não é na penitenciária, e sim no espaço de
discussão", afirmou Rainha.
Segundo ele, as atuais ações
no interior paulista também
têm como foco a pressão ao governo do Estado. Ele afirma
que uma eventual criminalização dos sem-terra apenas traria
força ao movimento. "Espero
que eles [o governador, José
Serra, e o secretário da Justiça,
Luiz Antonio Marrey] não tratem isso como uma questão policial, e sim como uma questão
política e social. Porque, daqui
a pouco, eles vão querer reprimir e criminalizar o movimento social e não vai adiantar. [Os
problemas] só vão aumentar."
Quando o assunto é reforma
agrária e política de assentamento, Rainha não poupa críticas ao Desenvolvimento Agrário e aos ministros Miguel Rossetto (que chefiou de janeiro de
2003 a março de 2006) e Guilherme Cassel (atual), ambos
da DS do Rio Grande do Sul.
"Não tenho nada contra a DS,
mas a verdade é que estamos
sem ministro. Nos quatro anos,
pouca coisa avançou. É preciso
de ação política na reforma
agrária. Precisa de competência. Coloque eu no ministério
para ver se não resolvo isso rápido", afirma o líder do MST,
que cobra de Lula uma solução.
"É preciso fazer mudanças,
com gente que tenha perfil para
o cargo. Cabe ao presidente Lula agilizar esse processo. Lá nada funciona, está tudo paralisado. O ministério não pode continuar como está, é incompetência demais", afirma. A Folha não conseguiu localizar integrantes do ministério ontem.
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