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PMDB orienta Furnas a trocar comando de fundo de pensão
É a 3ª vez que partido tenta intervir no Real Grandeza; conselho vota proposta na quinta
Associados são contrários à mudança; Victor Albano, do conselho deliberativo, diz que a qualquer momento direção pode ser substituída
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Pela terceira vez em menos
de dois anos, o PMDB tenta
destituir o presidente e o diretor financeiro do Real Grandeza, fundo de pensão dos empregados da estatal Furnas Centrais Elétricas e de parte dos
funcionários da também estatal Eletronuclear. Os dois têm
mandato até outubro.
A proposta de substituição
será votada em reunião extraordinária do conselho deliberativo do fundo de pensão,
convocada para a próxima
quinta, depois do Carnaval.
Furnas é a maior geradora
estatal de energia elétrica do
país. Com carteira de investimentos de R$ 6,5 bilhões, e 12,5
mil associados, o Real Grandeza é o 11º maior fundo de previdência privada fechada do país.
A movimentação para a troca
do presidente da fundação, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, e do
diretor de investimentos, Ricardo Gurgel Nogueira, desencadeou mais uma crise interna
na empresa, com protestos diários de aposentados e de ameaças de greve por sindicatos dos
eletricitários de vários Estados.
Em mensagem, ontem, aos
empregados, o presidente de
Furnas, Carlos Nadalutti Filho,
alegou que a empresa não tem
sido tratada com o merecido
respeito pela administração do
fundo de pensão, e que, neste
cenário, o ministro Edison Lobão (PMDB-MA) orientou a
troca da diretoria executiva.
Anteontem, o presidente do
conselho deliberativo do fundo
de pensão, Victor Albano Esteves, nomeado por Furnas, formalizou a proposta de substituição do presidente Sérgio
Wilson Fontes por Eduardo
Henrique Garcia, gerente da
área financeira de Furnas, que
acumularia, interinamente, a
diretoria de investimentos.
Dois conselheiros, nomeados
por Furnas, Ronaldo Neder (titular) e Marcos Vinicius Vaz
(suplente) renunciaram aos
cargos anteontem. Para o lugar
de Neder, a empresa indicou
Luiz Roberto Bezerra, chefe-de-gabinete de Nadalutti Filho.
Em mensagem aos funcionários, Nadalutti acusou as entidades representantes dos empregados e aposentados, que se
opõem à mudança, de desrespeitar o processo "democrático" previsto no estatuto do fundo, que permite aos conselheiros substituir a diretoria executiva no meio do mandato.
Tentativas
As duas tentativas anteriores
de substituição aconteceram
em novembro de 2007 e em setembro de 2008, na gestão do
ex-prefeito do Rio, Luiz Paulo
Conde (PMDB-RJ), como presidente de Furnas. Conde ocupou o cargo por indicação do
deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e foi substituído por Nadalutti Filho, funcionário de carreira de Furnas,
também indicado pelo partido.
Na primeira tentativa de
Conde, a troca foi rejeitada pelos seis membros do conselho
deliberativo do fundo. Após a
votação, os dois conselheiros
nomeados por Furnas renunciaram, e foram substituídos.
Em setembro de 2008, Conde tentou requisitar a volta dos
dois diretores-executivos do
fundo de pensão para Furnas,
mas a ideia também foi recusada pela diretoria da estatal.
Segundo o conselheiro Horácio Oliveira, representante dos
aposentados, o Real Grandeza
teve rentabilidade de 2,4% no
ano passado, apesar da crise, e
de 80% no acumulado dos últimos três anos. De acordo com a
Abrapp -entidade dos fundos
de pensão- a média do setor
teve rentabilidade negativa de
0,7% no ano passado.
Em entrevista à Folha, o presidente do conselho deliberativo do Real Grandeza, Victor Albano, disse que a substituição
não tem relação com o desempenho financeiro. "É claro que
a direção atual fez boa administração, principalmente diante
da anterior, que deixou prejuízo de R$ 150 milhões com investimentos no Banco Santos."
Segundo ele, o conselho tem
prerrogativa de substituir diretores a qualquer momento.
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