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SÃO PAULO
Proibição pode "dificultar" trabalho do Ministério Público, diz Filomeno em sua posse no cargo
Procurador-geral ataca Lei da Mordaça
da Reportagem Local
O novo procurador-geral de
Justiça, José Geraldo Brito Filomeno, classificou a Lei da Mordaça como um cala-boca no Ministério Público, mas enfatizou que
isso não vai impedir o trabalho de
investigação do órgão.
Filomeno, 52, 28 de carreira, assumiu o cargo ontem, depois ser
nomeado pelo governador de São
Paulo, Mário Covas, na semana
passada. A solenidade oficial está
prevista para a próxima segunda-feira.
A Lei da Mordaça proíbe que
autoridades divulguem informações sobre processos em andamento que violem o sigilo legal, a
intimidade, a imagem e a honra
das pessoas.
Para Filomeno, a lei pode "dificultar" o trabalho desenvolvido
pela promotoria. "Vejo isso como
um cala-boca no Ministério Público. A divulgação que não cause
danos às pessoas envolvidas ajuda na investigação", afirmou.
Para o novo procurador-geral, a
sustentação da lei não é nova.
"Analisando de maneira mais
fria, percebe-se que isso já estava
previsto no Código Penal, como
as punições para os crimes de calúnia e difamação", afirmou.
Sobre as acusações feitas pela
ex-primeira-dama Nicéa Pitta, Filomeno disse que não considera
as informações novas. "Ela disse
muita coisa que já se comentavam, como a compra de votos na
Câmara Municipal. A novidade é
ela vir e declarar isso", afirmou.
Segundo ele, 90% das denúncias
feitas pela ex-primeira-dama já
são alvo de investigação da polícia
e do Ministério Público.
"O que Nicéa disse em depoimento vai ajudar os inquéritos
que já existem. As informações
prestadas por ela vão reforçar outras denúncias", disse Filomeno.
Maior abertura
A posse de Filomeno era aguardada com ansiedade pelos promotores, já que ele representa
uma maior abertura para a atuação do Ministério Público.
Antes dele, o procurador-geral
interino José Roberto Durand
-que permaneceu 11 dias no cargo- havia decretado sigilo nas
investigações e proibido os promotores de concederem entrevistas à imprensa.
O último procurador-geral foi
Luiz Antonio Guimarães Marrey,
que permaneceu no cargo por
dois mandatos consecutivos (de
dois anos cada um).
Filomeno, chefe de gabinete na
segunda gestão de Marrey, foi o
mais votado na eleição feita pelo
Ministério Público que gerou
uma lista tríplice enviada ao governador Mário Covas.
Em seu discurso de posse,
acompanhado por cerca de 200
pessoas, Filomeno disse que pretende modernizar a instituição.
"Precisamos melhorar principalmente a informatização dos
setores, o que é uma necessidade
para a instituição", disse.
Ele também pretende dar atenção às reivindicações salariais da
categoria. Na campanha eleitoral,
Filomeno se comprometeu a lutar
pela melhoria dos vencimentos,
que estão entre R$ 3.600, no início
da carreira, e R$ 12,5 mil, no topo.
O novo procurador-geral dá aulas semanais de direito do consumidor, sua especialidade. Foi um
dos integrantes da comissão que
elaborou o Código do Consumidor, criou a promotoria especializada na área e tem três livros publicados sobre o assunto.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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