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DIPLOMACIA
Telegrama mostra que Leonel Brizola era acompanhado por ex-cônsul
EUA monitoraram políticos no país
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano após o fim do regime
militar, o então governador Leonel Brizola (PDT) ainda era monitorado pelo governo dos Estados
Unidos no Rio de Janeiro, revela
um documento do Departamento
de Estado norte-americano datado de março de 1986.
O papel -que deixou de ser reservado por força do projeto americano de acesso à informação, o
FOIA (do inglês "Freedom Of Information Act")- trata de uma
viagem que Brizola faria à Suécia
naquele mês para o funeral do ex-primeiro-ministro Olof Palme,
morto em 28 de fevereiro de 86, e
visitar os ex-primeiros-ministros
Felipe González (Espanha) e Mario Soares (Portugal).
"Ele planeja participar de um
encontro socialista internacional
e do funeral de Palme em Estocolmo, retornando ao Rio via Nova
York em 17 de março", diz o telegrama, intitulado "Brizola travels" ("viagens de Brizola") e despachado por um funcionário
americano no Brasil que assinou
apenas como Arenales.
O telegrama foi enviado pelo
consulado dos EUA no Rio para a
seção do Departamento de Estado que cuida dos assuntos da
América Latina, a ARA (em inglês
"American Republic Affairs").
A Folha localizou por telefone
em sua casa em Bethesda, no Estado de Maryland (EUA), o ex-cônsul-geral do Rio de Janeiro Alfonso Arenales, hoje, aos 77 anos,
funcionário aposentado do Departamento de Estado desde 1988.
Após receber uma cópia do documento, por fax, Arenales confirmou a autoria, embora dissesse
não se lembrar em detalhes daquele pedido de monitoramento
de Brizola. Ele classificou o documento como "parte da rotina".
Arenales contou que "acompanhou" Brizola desde, pelo menos,
1961, quando chegou ao Brasil.
Além de Brizola, disse que também "acompanhou" nos anos 80
seu sucessor, Moreira Franco
(PMDB), e o então prefeito do
Rio, Marcello Alencar.
Ele disse que suas fontes sobre
Brizola eram notícias da própria
imprensa, de jornais e de rádios,
principalmente. "O Brizola era
uma pessoa que a gente não podia
ignorar. Sempre, ao longo dos
anos, ele se sobressaiu no panorama político brasileiro", disse.
No telegrama de março de 86,
Arenales fez considerações sobre
Brizola. "Brizola está abalado pelo
assassinato de Palme, em termos
humanos e porque isso vai diminuir seu apoio na Internacional
Socialista", diz o documento.
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