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SOMBRA NO PLANALTO
Presidente da GTech relata encontros com ex-assessor, mas diz que companhia não cedeu à pressão
Empresa diz que foi vítima de Waldomiro
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da GTech, Fernando Antônio de Castro Cardoso,
disse ontem à CPI da Assembléia
Legislativa do Rio que a empresa
foi duas vezes "vítima" de Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil: na renovação do contrato com
a Caixa Econômica Federal, em
2003, e no edital da Loterj (Loteria
do Estado do Rio de Janeiro).
O edital teria sido modificado
para favorecer a Combralog, consórcio representado pelo empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que
venceu a licitação, em 2002.
A CPI investiga a suposta participação de Waldomiro Diniz em
fraudes na Loterj no período em
que ele ocupou a presidência da
autarquia, de fevereiro de 2001 a
dezembro de 2002.
No depoimento, Cardoso afirmou que, na renovação do contrato com a CEF, "pessoas, ligadas
ou não ao governo, tentaram vender facilidades num processo que
estávamos conduzindo na maior
idoneidade". Essas pessoas, citadas por ele, foram Waldomiro e o
consultor Rogério Buratti, ex-secretário da Prefeitura de Ribeirão
Preto na gestão do hoje ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Cardoso, que preside a multinacional desde outubro de 2003, relatou três encontros que teriam
ocorrido entre Waldomiro e a direção da GTech nos primeiros
meses de 2003.
Segundo ele, a renovação do
contrato da GTech com a CEF para a exploração de loterias on-line
foi assinada em 8 de abril, após
dois anos de negociações.
O presidente disse que, no início
de 2003, Waldomiro ligou insistentemente para diretores da
GTech, porque queria uma reunião para tratar da relação da empresa com a CEF. Não foi atendido, disse Cardoso, porque a
GTech não sabia que ele havia sido nomeado para a Casa Civil.
Cachoeira
Cachoeira, que mantinha parceria com a GTech desde 1997, teria
então entrado em contato com
executivos da empresa para informar que Waldomiro tinha um
cargo influente no governo.
O encontro foi marcado, segundo o depoente. Cachoeira teria
participado. Segundo Cardoso,
na reunião, "Waldomiro sugeriu
que Carlos Ramos era do meio e
incentivou parcerias futuras".
A uma semana da assinatura do
contrato, houve um segundo encontro, no qual, de acordo com
Cardoso, Waldomiro informou
que a empresa seria procurada
"por alguém que teria ajudado
nessas negociações".
Dias depois, Buratti teria procurado diretores da GTech e afirmado ter facilitado a renovação do
contrato. Logo após desse episódio, Waldomiro marcou novo encontro com a diretoria, em que teria dito que Buratti deveria ser
contratado pela empresa.
Cardoso disse que a GTech não
cedeu às pressões de Waldomiro
Diniz. Segundo ele, a documentação enviada pelo consultor à
GTech não foi aprovada e, por isso, sua contratação foi vetada.
Outro lado
A Folha procurou ontem o advogado de Waldomiro Diniz, Luiz
Guilherme Vieira, para comentar
as declarações do presidente da
GTech à CPI da Assembléia do
Rio, mas ele não foi localizado até
a conclusão desta edição.
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