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Grampo liga políticos do Rio a policial preso com a máfia do jogo
Marcos Bretas, suspeito de intermediar propinas, aparece em conversas com auxiliares de Cesar Maia e Sérgio Cabral
Eurico Miranda nega ter recebido contribuições de Ailton Guimarães Jorge para sua campanha; secretário de Cabral não foi localizado
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Assessores e colaboradores
de Eurico Miranda (PP), presidente do Vasco da Gama e ex-deputado federal, do deputado
estadual João Pedro Figueira
(DEM, ex-PFL), coordenador
de campanha do prefeito do
Rio, Cesar Maia, e de Noel de
Carvalho (PMDB), secretário
de Habitação do governador
Sérgio Cabral, estão envolvidos
com bicheiros, segundo escutas
da Operação Hurricane.
Auxiliares dos três aparecem
em conversas por telefone com
o policial Marcos Bretas, apontado pela PF como intermediador da propina de bicheiros a
políticos e policiais. Para os policiais, as conversas (a maioria
em setembro de 2006, mês anterior à eleição) dizem respeito
a contribuições de campanha
do contraventor preso Ailton
Guimarães Jorge, o Capitão
Guimarães, aos candidatos. Nenhum deles disse ter recebido
doação do bicheiro.
João Pedro e Noel de Carvalho são os que têm mais citações nos relatórios das escutas.
O deputado ligado a Cesar Maia
chega a conversar rapidamente
com Marcão e combina com ele
encontro em bar na Barra da
Tijuca. Sempre que citados no
relatório, seus nomes se seguem do termo "campanha".
Em nenhum diálogo aparecem as palavras "dinheiro" ou
"doação", mas há conversas falando em "entrega" e "material
de campanha".
Em 5 de setembro, Bretas se
apresenta a Bruno (assessor de
João Pedro Figueira) como
"Marcão do Júlio Guimarães"
(sobrinho de Capitão Guimarães e em cuja casa encontraram dinheiro em parede falsa) e
diz que tentou duas vezes "entregar o material de campanha". Bretas "diz [a Bruno] que
antecipou porque sabe que é
em boa hora". Marcaram encontro à noite na Barra.
Após o horário, Bruno e Bretas voltam a se falar. Para a PF,
eles mudaram o local temendo
rastreamento. Conforme o relatório de escuta, Bretas "mandou seu filho fazer a entrega".
João Pedro nega ter recebido
doação de Guimarães e diz que
só o conhece como presidente
da Liga das Escolas de Samba.
Confirmou ter assessor chamado Bruno, mas disse não se
lembrar de Marcos Bretas ou
de ter conversado com ninguém sobre doação do bicheiro.
Quando falam de Noel de
Carvalho, se referem a ele como "Papai Noel", segundo a PF.
Numa conversa, Bretas diz que
"o menino do papai Noel disse
que ia ligar para "o cara dele" para ver se ia receber".
No caso de Miranda, é o vice-presidente do Vasco Antônio
Vicente Porphírio quem fala
com Bretas. "Antônio Vicente
pergunta se Marcão trabalha
com Capitão também. Marcão
diz que sim. Antônio Vicente
diz que se lembrou e que é da
campanha do Eurico. (...) Antônio diz que [foi] o Capitão que
deu o cartão e por isso Marcão
entrou em contato. Marcão diz
que vai fazer referência ao nome do deputado, para que não
se esqueçam dele."
Miranda disse não ter recebido dinheiro de Guimarães, mas
admitiu ter relacionamento
"respeitoso" e "cordial" com
ele. Noel não foi localizado.
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