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PF apura ligação de mais 3 juízes com máfia
Juíza de São Gonçalo, segundo a investigação, deu conta do pai para receber depósitos do policial civil Marcos Bretas
Relatório da PF também não descarta a possibilidade de a quadrilha ter utilizado o nome de magistrado como exploração de prestígio
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três novos magistrados que
não estão entre os 25 presos na
Operação Hurricane são apontados pela Polícia Federal como suspeitos de terem colaborado com a quadrilha que negociava a venda de sentenças em
favor de bingueiros e bicheiros.
Um deles chega a informar ao
policial civil Marcos Bretas,
identificado pela PF como a
pessoa que fazia pagamentos
indevidos a autoridades públicas em nome da cúpula das organização criminosa, a conta
corrente de seu pai, para receber depósitos.
Trata-se de Sônia Maria Garcia, juíza da 4ª Vara de Família
de São Gonçalo (RJ).
"Sônia diz que trabalhou no
final de semana inteiro e que o
carro dela está lotado de processo. Marcão [Bretas] diz: "É...
você tem que apanhar "um" comigo". Sônia: "Ah, é... Ponha no
do meu pai" [...]. Vou botar na
do teu pai que eu acho que a Fátima tem, é do Unibanco. Sônia
diz: [...] Você já fez lá, mas se você não conseguir, você me liga,
então", informa o relatório da
Polícia Federal.
Assim que desligaram, Bretas
liga para a pessoa chamada Fátima e pede para que ela deposite "um" na conta "do pai da
doutora Sônia".
A PF relata também o possível envolvimento do juiz federal da primeira instância de São
Paulo Djalma Moreira Gomes
com a máfia dos bingos.
"Vantagem indevida"
De acordo com a PF, não é
possível descartar a possibilidade de a quadrilha ter usado o
nome do juiz como exploração
de prestígio, "apesar de as circunstâncias, os valores e os
próprios diálogos travados entre os integrantes do grupo
apontarem para a probabilidade de oferecimento de vantagem indevida diretamente ao
magistrado".
O relatório reproduz a seguinte conversa entre duas pessoas ligadas à organização criminosa: "Oscar fala para ele
[Sérgio] trazer suas seis casas
que receberá 50.000.00 por casa. Explica que os outros 100
(provavelmente 150.000 por
casa) tem que dividir com o
juiz, que ficará com 70".
Preso juntamente com outras 24 pessoas na semana passada, o desembargador Ernesto
Dória teria negociado com a
quadrilha decisão que seria
proferida pelo desembargador
do Tribunal de Justiça do Rio
Celso Guedes.
A liminar concedida por
Guedes saiu no sentido contrário do que havia sido negociado.
Percebe-se, no entanto, pela
leitura da transcrição de um
diálogo ocorrido entre os dois
desembargadores, que Celso
Guedes tinha pleno conhecimento da intenção de Dória,
demonstrando surpresa ao não
ter atendido aos interesses de
seu colega.
"Guedes atende o telefone e
Dória diz que houve uma confusão [...]. Guedes pergunta:
"não tem valia, como assim?",
diz que decisão de 1ª instância
não pode dar isso porque aquilo
não tem efeito suspensivo. Dória pergunta qual a forma deles
darem uma saída nisso, diz que
na forma que saiu o despacho
não vai atender o cara [...]. Dória pergunta se pode pedir ao
Algranti [advogado da quadrilha] para dar um pulo lá na segunda-feira no final da tarde.
Guedes diz que explica pra ele".
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