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POLÍTICA NO ESCURO
Oposição quer evitar que governo abafe denúncias de venda de informação contra ex-presidente do BC
Caso Marka ressuscita idéia de CPI mista
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes dos partidos de oposição ao presidente Fernando
Henrique Cardoso consideram
inevitável a abertura de uma CPI
para investigar a denúncia de que
o ex-presidente do Banco Central
Francisco Lopes vendia informações privilegiadas para executivos
de bancos de investimento. As negociações seriam de conhecimento do governo federal, que nada
fez para punir Lopes.
O presidente em exercício do
PT, deputado José Genoino (SP),
e os líderes do partido na Câmara,
Walter Pinheiro (BA), e no Senado, José Eduardo Dutra (SE), reúnem-se hoje, em Brasília, para decidir qual estratégia defenderão a
fim de apurar as denúncias e evitar qualquer tentativa governista
de abafar o caso. A bancada do
PPS reúne-se amanhã.
O senador Eduardo Suplicy (SP) apresenta hoje um requerimento para que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e a diretora de fiscalização do BC, Tereza Grossi, compereçam a sessão conjunta das comissões de Assuntos Econômicos e de Fiscalização e Controle do Senado para se explicar. Lopes era subordinado a Malan. Tereza participou da operação do governo de acobertar o empréstimo ao Banco Marka, de Salvatore Cacciola.
"Os fatos denunciadosm
são gravíssimos porque atingem o coração do governo, que é a equipe econômica",
afirma Genoino. Os petistas avaliam que o ideal seria conseguir
assinaturas para a instalação de
uma CPI mista. Assim, não precisariam enfrentar a fila de comissões parlamentares de inquérito
que existe na Câmara e driblariam
a maior capacidade de controle
do governo numa investigação
conduzida somente por senadores. Pinheiro acredita que as novas denúncias podem levar à reedição da CPI da Corrupção, enterrada há dez dias pelo governo
com a liberação para os deputados de R$ 80 milhões em emendas
ao orçamento.
"Reduziríamos a lista de 19 itens
a apurar, retirando aqueles penduricalhos colocados justamente
para ter o apoio de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e de Jader Barbalho (PMDB-PA)", diz
Pinheiro. O encontro do PT será
na casa de Pinheiro, às 20 horas.
Por causa do racionamento de
energia, as atividades no Congresso Nacional serão encerradas às
19 horas.
O PT vai propor uma reunião
dos partidos de oposição ainda
nesta terça-feira, às 11h, para definir uma ação conjunta. Além de
PSB, PPS, PC do B e PDT, Genoino espera contar com parte do
PMDB e PL. "Espero que haja
sensatez na base aliada", diz. Os
petistas esperam ainda aumentar
a pressão sobre o governo com
uma série de movimentos contra
a corrupção, culminando com a
reedição da marcha dos 100 mil,
em Brasília, no dia 27 de junho.
Os três senadores e os 13 deputados do PPS discutirão as novas
denúncias amanhã, no gabinete
da liderança do partido no Senado. "Há fatos novos e gravíssimos", diz o líder do partido no Senado, Paulo Hartung (ES). Segundo o senador, nem nos bastidores
da CPI dos Bancos se sabia da
existência de fitas que incriminariam Francisco Lopes.
"A suposta chantagem ao ex-presidente do BC e a operação
montada para abafar o caso também são novidade", afirma. Cauteloso, Hartung ressalta apenas
que se as fitas tiverem sido produzidas por Cacciola, "é bom ficar
com o pé atrás".
O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, um dos beneficiários do esquema de venda de informações,
teria grampeado Lopes, segundo
a revista "Veja". Surpreendido
pela desvalorização do real, em janeiro de 1999, teria ameaçado entregar as fitas que provariam o envolvimento do ex-presidente do
BC caso não lhe fossem vendidos
dólares por valor inferior ao de
mercado para pagar os clientes de
seu banco, o Marka. O socorro
custou R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Cacciola fugiu para a Itália.
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