São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2001

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Saída é a expansão no mercado externo

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Uma das vias para diminuir a dependência externa do Brasil seria a de "multinacionalizar" as empresas brasileiras, para que o país possa "aumentar a receita de remessas de lucros e dividendos e a participação no mercado externo", diz Antônio Corrêa de Lacerda, da Sobeet. Com o envio de dólares do exterior para cá, diminuiria o rombo nas contas correntes.
O fórum examinou quatro experiências nessa direção. O embaixador Jório Dauster, que dirige a Companhia Vale do Rio Doce, privatizada há quatro anos e uma das gigantes mundiais na área de minério de ferro, mostrou a expansão internacional da empresa. Quando estatal, ela já tinha filiais na França e nos EUA. "Em 2000 compramos 40% de uma empresa no Golfo."
A idéia é expandir ainda mais e Dauster cogita abrir uma sede em Londres, o que poderia facilitar a captação de recursos externos a juros mais baixos. O custo do dinheiro, alto dentro do Brasil e caro para os brasileiros, por serem brasileiros, quando tomado no exterior é também preocupação do empresário Jorge Gerdau.
O Grupo Gerdau fabrica aço e começou a se estabelecer fora do Brasil timidamente em 1991. Hoje a empresa tem usinas também nos EUA, no Canadá, no Chile e na Argentina. "Eu resolvi não descansar enquanto não fizéssemos as coisas tão bem feitas quanto os japoneses", disse Gerdau.
Na opinião de economistas presentes no fórum, a capacidade produtiva do Brasil na área do aço deixa a dos EUA e a da Europa, onde essa indústria está em crise, bem para trás.
A terceira experiência relatada foi a do Grupo Odebrecht. Emílio Odebrecht explicou a trajetória internacional da empresa, que exporta serviços de engenharia para o Peru, Chile, Angola, Portugal, Inglaterra, Rússia, EUA, Malásia e Cingapura. "Na década de 90, o valor de serviços exportados atingiu cerca de US$ 12 bilhões."
A última exposição foi a de Pedro Luiz Barreiros Passos, presidente de operações da Natura. Embora seja uma iniciativa mais recente, foi fundada como uma pequena empresa em 1969, a Natura já tem filiais na Argentina, no Chile, no Peru e nos EUA. Passos acentuou que o potencial de expansão é grande: "O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta e ainda importa fitoterápicos".
O presidente do BNDES, Francisco Gros, disse que as empresas que quiserem ser globais precisarão ser dominantes no mercado interno. "Para enfrentar o mercado global é preciso ter porte."



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