São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007

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No Paraguai, Lula é atacado por jornal local

Editorial na capa do principal impresso do país chama Brasil de "imperialista e explorador" por não rever Tratado de Itaipu

Governo Lula minimiza as críticas, diz que relação com o Paraguai vive um bom momento e que não mexerá no tratado, válido até 2023

RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem, por volta das 16h45 locais (17h45 em Brasília), para sua primeira visita oficial ao Paraguai, sob uma chuva fina que ajudava a esfriar o clima na capital. Na imprensa local, a recepção também não foi nada calorosa.
O "ABC Color", principal jornal do país, publicou na capa de sua edição de ontem um editorial de página inteira intitulado "Brasil, um país imperialista e explorador". O editorial critica Lula por não rever o Tratado de Itaipu, "assinado pelas costas do povo paraguaio em épocas de ditadura militar". Entre outros termos, o texto diz que o povo paraguaio é obrigado a suportar "um roubo descarado".
O editorial diz que a posição "imperialista" do Brasil pode ser responsável por "situações de violência física entre cidadãos de ambos os países".
Fontes do governo brasileiro minimizaram a importância do editorial, dizendo que críticas ao Brasil são comuns na imprensa paraguaia, mas que a relação Brasil-Paraguai vive um de seus melhores momentos.
A virulência do ataque do "ABC" foi atribuída também ao fato de o jornal não ter participado da entrevista que Lula concedeu nessa semana a seus dois principais concorrentes, "Última Hora" e "La Nación", em Brasília. Segundo a Folha apurou, o "ABC" não participou da entrevista porque não fez esse pedido à Presidência.
Com tiragem diária de cerca de 30 mil exemplares, em um país com 6,3 milhões de habitantes, o "ABC" costuma pautar discussões em outros meios de comunicação do Paraguai.
O embaixador do Brasil em Assunção, Valter Pecly Moreira, disse ontem que não está em discussão uma mudança no Tratado de Itaipu, válido até 2023 e que, entre outros, determina que o Paraguai, por não consumir toda a energia que produz em Itaipu, é obrigado a vendê-la ao Brasil. Setores reivindicam poder vender a energia a outro país, no caso, a Argentina, por um "preço justo".
"Achamos que o tratado é um ato jurídico perfeito. Não consideramos a reabertura de negociações", disse Moreira.
Ele sustentou que as reivindicações feitas pelo Paraguai foram atendidas -a de elevar o valor que o Brasil paga pela energia excedente e eliminar o reajuste com base na inflação dos EUA da dívida da estatal.

Biocombustíveis
O tema principal de discussões da visita de Lula a Assunção será a implantação de um plano para produção de biocombustíveis no Paraguai. Esse deve ser o tema de um dos mais de dez acordos que devem ser assinados hoje pelos países.
Ontem à noite, Lula participou de uma reunião com empresários paraguaios e brasileiros e depois foi recebido pelo seu colega paraguaio, Nicanor Duarte Frutos, para um jantar.
Na chegada a Assunção, Lula não falou com a imprensa. O ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), que teve seu nome envolvido nas investigações da Operação Navalha faz parte da comitiva. Ele falou rapidamente e negou as acusações de participação no esquema.


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