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PROTESTO
Manifestantes pedem programas de habitação popular à direção da Caixa e ficam 45 minutos dentro do edifício
Sem-teto e mutuários invadem CEF
da Sucursal de Brasília
Cerca de 200
manifestantes
da UNMP
(União Nacional por Moradia
Popular) invadiram ontem de
manhã o saguão do edifício sede
da Caixa Econômica Federal, em
Brasília.
Os manifestantes, entre eles
crianças e adolescentes, conseguiram chegar ao local minutos antes
dos 40 soldados enviados pela Polícia Militar.
Os PMs não conseguiram evitar
a entrada dos manifestantes, mas
impediram que eles fossem para
outras dependências do edifício.
Quinze minutos depois da invasão, chegaram mais 15 soldados.
Segundo o major Alexandre Nogueira, foram deslocados 55 PMs
para fazer a segurança do local. A
Folha contou 80 policiais.
Os manifestantes ficaram dentro
do prédio por cerca de 45 minutos
gritando palavras de ordem em
defesa da moradia popular.
Eles saíram apenas quando José
Coelho, diretor administrativo da
CEF, concordou em receber uma
comissão do movimento, que entregou as reivindicações do grupo.
Os manifestantes ainda ficaram
em frente à porta do edifício até as
11h, quando saíram com destino
ao Gran Circo Lar, onde estavam
acampados.
A UNMP quer a aprovação do
projeto de lei que cria o Fundo e o
Conselho Nacional de Moradia
Popular e a criação de programas
de habitação popular nos centros
das grandes cidades.
Além disso, quer a revisão dos
contratos e garantia de permanência dos mutuários de baixa renda
da Caixa Econômica Federal.
Segundo Evariza Rodrigues,
coordenadora executiva da
UNMP, essa é a nona vez que os
sem-teto e mutuários que fazem
parte dessa associação vêm a Brasília para fazer manifestações.
"É uma ocupação simbólica,
mas é uma maneira de pressionar
o governo, que precisa atender
nossas reivindicações o quanto
antes", afirmou.
Luta por teto
Albertina Oliveira Reis, 74, uma
das manifestantes que vieram de
São Paulo, disse que já é o segundo
ato feito pela UNMP em Brasília
do qual ela participa.
Ela mora em uma casa alugada,
recebe aposentadoria de R$ 123
mensais e está participando das
manifestações porque acredita
que "tem muita gente precisando
de teto no Brasil".
"Mesmo que eu consiga a minha casinha, vou continuar lutando para que os outros tenham
condições de conquistar a deles."
Descontrole
O presidente da CUT do Distrito
Federal, José Zunga, reconheceu
pela manhã que o movimento não
tinha o controle dos manifestantes. "Não há como controlar uma
massa dessas", disse às 11h30.
O sindicalista começou a perceber que havia perdido o controle
sobre o movimento logo cedo,
quando os líderes da UNMP pegaram um carro de som e foram invadir a sede da CEF, contrariando
a orientação da coordenação da
Jornada Nacional de Luta por Emprego e Direitos Sociais.
Os líderes da UNMP pediram
autorização para usar o carro de
som a Sandra Cabral, da CUT nacional, mas não informaram que
planejavam a invasão da CEF.
Logo em seguida, anunciaram
pelo próprio carro de som que estavam se dirigindo à sede da CEF
para fazer uma invasão. A PM recebeu a informação e chegou ao
local junto com os manifestantes.
Zunga disse que o movimento
estava muito amplo, com a participação de trabalhadores rurais e
urbanos, estudantes e militantes
de partidos políticos. "É extremamente perigoso. Mas é necessário,
porque todas essas questões (moradia, emprego, educação) estão
interligadas", disse.
Na tentativa de evitar a agressão
de um manifestante, em frente ao
Congresso, Zunga acabou atingido por um golpe de cassetete. Ficou estirado no chão, com dificuldade de respirar.
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