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CDHU gasta R$ 20 milhões em anúncios
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
Mesmo sem a necessidade de
disputar a venda de seus imóveis
no mercado imobiliário, a CDHU
(Companhia de Desenvolvimento
Habitacional e Urbano) de São
Paulo conta com verba de R$ 20
milhões para gastos publicitários.
Esse foi o valor que o governador Mário Covas (PSDB) destinou
para gastos publicitários da estatal
em 97 e 98. Os gastos não se justificam porque a oferta de casas da
CDHU é menor do que a procura
-a entrega é feita em sorteios públicos, com a presença de Covas.
A CDHU administra o programa
de maior visibilidade eleitoral do
atual governo -120 mil casas até
o final de 98. Ofensiva publicitária
da CDHU nas últimas semanas na
TV coincidiu com o crescimento
de Covas nas pesquisas eleitorais.
Os R$ 20 milhões gastos em publicidade pela CDHU seriam suficientes para a empresa construir
5.405 casas pelo sistema mutirão
no interior paulista. Cada uma
dessas casas custa R$ 3.700,00.
A Folha noticiou que a verba publicitária de Covas em 98 corresponde a R$ 54 milhões -R$ 26
milhões referem-se a gastos das
secretarias. Outros R$ 28 milhões
são despesas da administração indireta, na qual se inclui a CDHU.
Como a CDHU tem R$ 20 milhões para gastos em 97 e 98, isso
significa que, individualmente, ela
dispõe hoje da maior verba publicitária do governo Covas.
Mais que Banespa
Levando-se em consideração
que a CDHU gaste R$ 10 milhões
por ano, isso supera os R$ 9,9 milhões da verba publicitária de 97
do Banespa, que passou para o governo federal. A Nossa Caixa (governo SP) gastou R$ 7, 8 milhões.
Ao contrário da CDHU, Banespa
e Nossa Caixa atuam em um mercado bastante disputado, concorrendo com bancos privados. O governo do Rio gastou R$ 5,7 milhões com publicidade em 97.
Os recursos da CDHU correspondem a 1% de toda a arrecadação do ICMS do Estado. O deputado estadual Paulo Teixeira
(PT-SP) entrou com representação no Ministério Público para
suspender os gastos publicitários.
"Essas despesas lesam o erário
público. A verba do ICMS é carimbada para moradia, não para publicidade", afirma Teixeira.
Procurada pela Folha, a CDHU
não quis se manifestar. A assessoria de Covas também foi procurada, mas não se manifestou.
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