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Cúpula tucana
já monitorava
Sérgio Gomes
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser o mentor de um sistema de propinas em Santo André, circulava com desenvoltura entre políticos do PT. Seus
negócios eram acompanhados
havia um bom tempo pela cúpula do governo tucano, interessada em mapear o que poderia ser o caixa de financiamento de campanhas do PT.
Os negócios entre a Prefeitura de Santo André e empreiteiras despertavam a atenção do
Ministério Público Estadual e
do Palácio dos Bandeirantes. A
Folha apurou que, entre os observadores informais, estava o
então procurador Saulo de
Castro Abreu Filho, hoje secretário da Segurança Pública.
Sérgio Gomes foi um dos sócios de empresa de consultoria
criada por José Machado (prefeito petista de Piracicaba) e
Celso Daniel, em 1993: a Machado e Daniel Consultores Associados S/C Ltda. Também
eram sócios Miriam Belchior,
ex-mulher de Daniel, e Jefferson Goulart, ex-secretário de
governo de Piracicaba.
Em 1997, surgiram informações de que a firma de consultoria prestara serviços a várias
prefeituras petistas, sem licitação. Goulart, ex-assessor de
Machado, nega: "A empresa
prestava serviços a diversas
prefeituras. O critério nunca foi
de natureza partidária, porque
era uma empresa privada".
Às vésperas da reeleição dos
prefeitos Celso Daniel (PT) e
Maurício Soares (PPS), foram
impugnadas duas licitações
abertas pelas prefeituras de
Santo André (R$ 108,6 milhões) e São Bernardo do Campo (R$ 146,7 milhões). Suspeitava-se de direcionamento para favorecer a Emparsanco
(empreiteira tradicional no
ABC, que também prestava
serviços à Prefeitura de Belém).
Um indício do monitoramento do PSDB: em dezembro
de 2000, o governo Covas desistiu de firmar convênio com a
Prefeitura de Santo André, pelo
qual o Estado forneceria R$ 5,9
milhões para obras do Tamanduateí, ao descobrir que a verba seria usada para contratar a
Emparsanco, sem licitação.
Na campanha em Santo André, em 2000, surgiram dossiês
com denúncias de superfaturamento de obras beneficiando
empresas de Ronan Maria Pinto, sócio de Sérgio Gomes e
proprietário de empresas de
ônibus. Ex-aliado de Paulo Maluf, Ronan ajudara a torpedear
a gestão petista de Luiza Erundina antes de se tornar "aliado
pontual" de prefeituras do PT.
Na época, foram abertas investigações sobre contratos
com duas empresas de Ronan:
a Projeção Engenharia Paulista
de Obras Ltda. e a Rotedali Serviços e Limpeza Pública Ltda. A
Projeção tinha sede em Santo
André e filial em Catanduva
(governada pelo PT). A Rotedali tinha sede em Catanduva e
filial em Santo André. Os personagens centrais das suspeitas
eram o então secretário de Serviços Municipais, Klinger de
Oliveira, cuja campanha a vereador foi marcada pela fartura
de recursos, e Sérgio Gomes.
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