São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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Cúpula tucana já monitorava Sérgio Gomes

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser o mentor de um sistema de propinas em Santo André, circulava com desenvoltura entre políticos do PT. Seus negócios eram acompanhados havia um bom tempo pela cúpula do governo tucano, interessada em mapear o que poderia ser o caixa de financiamento de campanhas do PT.
Os negócios entre a Prefeitura de Santo André e empreiteiras despertavam a atenção do Ministério Público Estadual e do Palácio dos Bandeirantes. A Folha apurou que, entre os observadores informais, estava o então procurador Saulo de Castro Abreu Filho, hoje secretário da Segurança Pública.
Sérgio Gomes foi um dos sócios de empresa de consultoria criada por José Machado (prefeito petista de Piracicaba) e Celso Daniel, em 1993: a Machado e Daniel Consultores Associados S/C Ltda. Também eram sócios Miriam Belchior, ex-mulher de Daniel, e Jefferson Goulart, ex-secretário de governo de Piracicaba.
Em 1997, surgiram informações de que a firma de consultoria prestara serviços a várias prefeituras petistas, sem licitação. Goulart, ex-assessor de Machado, nega: "A empresa prestava serviços a diversas prefeituras. O critério nunca foi de natureza partidária, porque era uma empresa privada".
Às vésperas da reeleição dos prefeitos Celso Daniel (PT) e Maurício Soares (PPS), foram impugnadas duas licitações abertas pelas prefeituras de Santo André (R$ 108,6 milhões) e São Bernardo do Campo (R$ 146,7 milhões). Suspeitava-se de direcionamento para favorecer a Emparsanco (empreiteira tradicional no ABC, que também prestava serviços à Prefeitura de Belém).
Um indício do monitoramento do PSDB: em dezembro de 2000, o governo Covas desistiu de firmar convênio com a Prefeitura de Santo André, pelo qual o Estado forneceria R$ 5,9 milhões para obras do Tamanduateí, ao descobrir que a verba seria usada para contratar a Emparsanco, sem licitação.
Na campanha em Santo André, em 2000, surgiram dossiês com denúncias de superfaturamento de obras beneficiando empresas de Ronan Maria Pinto, sócio de Sérgio Gomes e proprietário de empresas de ônibus. Ex-aliado de Paulo Maluf, Ronan ajudara a torpedear a gestão petista de Luiza Erundina antes de se tornar "aliado pontual" de prefeituras do PT.
Na época, foram abertas investigações sobre contratos com duas empresas de Ronan: a Projeção Engenharia Paulista de Obras Ltda. e a Rotedali Serviços e Limpeza Pública Ltda. A Projeção tinha sede em Santo André e filial em Catanduva (governada pelo PT). A Rotedali tinha sede em Catanduva e filial em Santo André. Os personagens centrais das suspeitas eram o então secretário de Serviços Municipais, Klinger de Oliveira, cuja campanha a vereador foi marcada pela fartura de recursos, e Sérgio Gomes.



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