São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Sem jogo

Foi um dia inteiro, mais o fim de semana e a sexta, na "expectativa", palavra recorrente ontem na cobertura.
Até que por volta das 19h30 começou a pipocar na Globo e no restante a confirmação de Dilma Rousseff na Casa Civil, como adiantou a Folha.
E começaram as biografias costumeiras de petistas, como no "Jornal Nacional":
- Ex-guerrilheira, Dilma atuou na clandestinidade.
 
Mas no meio da "expectativa" sobraram registros críticos sobre aquela que, ao que se anuncia, chega ao posto mais alto de uma mulher em Brasília.
Por exemplo, na entrada de Fátima Bernades no fim da tarde, na Globo, sobre a demora na confirmação da escolha:
- Parlamentares do PT e do PMDB acham que o cargo devia ser ocupado por pessoa com mais trânsito no Congresso.
Da mesma Globo, no "Bom Dia Brasil", de manhã:
- Segundo alguns ministros, Dilma não viria com a mesma força que José Dirceu.
Na Jovem Pan e CBN, quem questionou foi o governador gaúcho, o peemedebista Germano Rigotto, para quem "o perfil da pasta devia ser político".
Bancada petista, presidentes do Senado e Câmara -seriam todos contra Dilma, por não ter "jogo de cintura político".
Em lugar dela, só ontem, TVs, rádios e demais especularam com Marcelo Déda, Jorge Vianna, João Paulo Cunha, Tarso Genro e até o presidente da Infraero, Carlos Wilson.
Nem o comentarista Franklin Martins gostou, no "JN":
- Ela tem perfil técnico. Será que Lula vai fazer a coordenação política? Pelo menos até hoje, sempre que pôde, ele deu sinais de não ter paciência para ficar de conversa com deputado.
 
O âncora Boris Casoy foi das poucas vozes que aprovaram, no "Jornal da Record":
- O fato de Lula ter escolhido Dilma mostra que a Casa Civil deverá, a partir de agora, ter um perfil gerencial. Dilma Rousseff é considerada, até pela oposição, uma ministra eficiente... Talvez seja considerada autoritária por ser pessoa de princípios e por defender o interesse público acima de quaisquer outros.
 
Além de Casoy, uma única voz se ouviu ontem, durante todo o dia e no "Roda Viva", à noite, em favor da ministra.
Ao portal iG e outros sites, o deputado Roberto Jefferson saiu dizendo que a indicação é "um gol de rasgar a rede" e que Lula "já começa a acertar".

LINGÜIÇA

Já não começou bem o "Roda Viva", ontem na estatal TV Cultura. O âncora Paulo Markun perguntou onde Jefferson queria chegar e a reação foi: "Paulo, já cheguei". Depois, ao ser perguntado sobre provas: "Eu tenho faro". Se ele tem o que acrescer, deixou para uma outra ocasião. E tome perguntas/comentários sem fim de Alexandre "Vamos Sair da Crise" Machado.
 
No esforço de "live blogging", o Blog do Colunista, de Ricardo Noblat, não demorou a concluir:
- Nada de novo até agora durante a entrevista. Ele contou o que disse antes diante do Conselho de Ética. Que, por sua vez, repetiu o que ele antes dissera em duas entrevistas à Folha... Está tão à vontade no "Roda Viva" que se deu ao luxo de provocar.
E o blog A Nova Corja, do coletivo Insanus:
- Não acrescentou absolutamente nada em relação ao circo da semana passada. Eu devia ter ido assistir ao "Homem-Aranha"... Quer conduzir o programa como manipulou a Câmara há uma semana... O "Roda Viva" enche lingüiça. Não compre o DVD desta entrevista.

UMA E OUTRA CPI

Reprodução
Sessão da CPI, ainda vazia, ontem na Globo

No "JN", "Jornal da Band" e nos demais, prosseguiam ontem as canções italianas de Jefferson e as investigações da Polícia Federal, mas a Globo dizia que "a CPI começa a funcionar para valer nesta terça", hoje.
É palco para a oposição, por mais que o presidente do PT e o relator do PMDB concentrem a cobertura. No enunciado da Folha Online, "Oposição tenta ligar CPI dos Correios a "mensalão'". No do "JN", "Oposição quer ampliar a CPI dos Correios e investigar outras estatais". Pefelistas e tucanos, que se esqueceram do Conselho de Ética, buscavam marcar um "link" entre o esquema nos Correios e o esquema do "mensalão".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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