São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Os novos anões

A Operação João de Barro da Polícia Federal deverá ter desdobramentos no Congresso, e mais especificamente sobre a Comissão de Orçamento. Foi ali que nasceram escândalos como o dos anões, nos anos 90, e o dos sanguessugas, em 2006. Os dois deputados que agora tiveram os gabinetes vasculhados pela PF, João Magalhães (PMDB) e Ademir Camilo (PTB), têm em comum, além de serem mineiros, o assento na poderosa comissão. Magalhães chegou a ter o nome relacionado, e depois retirado, da lista dos sanguessugas. "Orçamentistas" que acompanharam o caso apostam que outros deputados e/ou seus assessores ainda irão aparecer. E, além do Ministério das Cidades, já há investigações sobre Integração Nacional e Trabalho.



Wally. O ministro Márcio Fortes (Cidades), que se orgulha da milhagem acumulada para lançar obras do PAC Brasil afora e que recebeu até prioridade em vôos da FAB para esses eventos, sumiu ontem, enquanto pipocavam informações sobre fraude em liberação de recursos para o programa em sua pasta. Nem deputados de seu partido, o PP, conseguiram encontrá-lo.

Timing 1. O e-mail em que o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, alertou o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Reynaldo Fernandes, sobre os erros nos resultados do Ideb da cidade de São Paulo foi enviado às 10h24 da manhã de terça-feira.

Timing 2. Embora reconhecendo a distorção de cálculo que prejudicava significativamente o desempenho paulistano no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Fernandes explicou a Schneider que não seria possível rever os números a tempo da apresentação marcada para sexta-feira. Mas ontem, ouvido pela reportagem da Folha, o presidente do Inep disse que precisaria de "24 horas" para rodar o banco de dados e ajustar os resultados.

Timing 3. Os resultados do Ideb de 2007 foram enviados com o embargo de praxe à imprensa no início da tarde de quarta-feira, quase 48 horas antes do evento de divulgação, quando já se sabia do problema com São Paulo.

Psicológico. A ala kassabista do PSDB terá um reforço inusitado contra Geraldo Alckmin na convenção de amanhã na Assembléia: credores da campanha de 2006, da área de material de propaganda, prometem fazer uma manifestação no evento.

Caso perdido. Nos dois dias de reunião da Executiva Nacional do PT ficou claro: não haverá recuo no veto à aliança formal com o PSDB em Belo Horizonte. O casamento com Aécio Neves terá de ser "sem papel".

Nunca antes 1. A reunião de quinta-feira no Planalto para tratar de inflação produziu um consenso jamais visto no governo Lula. De Guido Mantega a Aloizio Mercadante, passando por Luiz Gonzaga Belluzzo, todos disseram que, diante da atual conjuntura, foi correto o aumento de juros determinado na última reunião do Copom.

Nunca antes 2. Ao ver tamanha concórdia, Lula comentou, bem-humorado: "Se nem o Mercadante está reclamando, então tudo bem".

É festa! O Senado não apenas abdicou de realizar sessões deliberativas na semana que vem como vai abonar as faltas dos parlamentares. Tudo para que possam se dedicar às convenções partidárias e, principalmente, ao São João.

Combustível. Técnicos da Anac que chegaram à agência na gestão de Solange Viera travam embate com remanescentes do tempo em que Denise Abreu foi diretora da agência. A "nova geração" têm procurado parlamentares para sugerir pedidos de informação e se oferecer para instruir eventuais depoimentos.

No aguardo. O delegado Sérgio Menezes, que preside o inquérito da PF sobre o dossiê de gastos de FHC, só vai apresentar suas conclusões depois que o procurador-geral da República se manifestar sobre as representações da oposição contra Dilma Rousseff.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Agora a corrupção do PAC já se vê. Apesar da intensa propaganda do governo, essa é a maior obra do programa até agora."

Do líder do PSDB na Câmara, JOSÉ ANÍBAL (SP), sobre a operação João de Barro da Polícia Federal, que investiga desvios de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento.

Contraponto

Pelo estômago

Durante boa parte da vigília de mais de seis horas que Pedro Simon (PMDB-RS) fez ontem, à espera da autorização do governo federal para um empréstimo de US$ 1 bilhão ao Rio Grande do Sul, apenas Heráclito Fortes (DEM-PI) o acompanhou no plenário do Senado.
-Eu estou tranqüilo, mas você é rechonchudo...-, preocupou-se Simon.
-Tudo bem: depois haverá aquele inigualável churrasco!
Ciente de que a coisa iria longe, Simon ampliou o cardápio:
-Então, além do churrasco gaúcho, ofereço a você duas outras opções: quibe árabe ou a massa com perdiz à italiana!


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