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Secretário de Comunicação quer agências mais identificadas com orientação que se quer imprimir
Governo defende pré-seleção de agências
da Reportagem Local
O secretário de Comunicação
Social da Presidência da República, Sergio Amaral, defende a
pré-seleção de agências de publicidade por critérios técnicos, em vez
do sistema de licitações em vigor.
A indicação ficaria a critério do
ministro ou do titular da estatal,
que escolheria a agência mais
identificada com a orientação que
pretende imprimir.
Amaral recebeu a Folha no último dia 10, em seu gabinete, em
Brasília, pouco antes de o Brasil
estrear sua participação na Copa.
Folha - O sr. acha que o governo
se comunica bem? Alguns publicitários dizem que é difícil o governo obter a unidade de comunicação, ao trabalhar com muitas
agências.
Sergio Amaral - A crítica é, em
parte, verdadeira. É difícil definir o
ponto de equilíbrio. O governo fez
uma aposta na democratização no
atendimento das contas. Mas isso
tem um custo. Nem sempre são
agências familiarizadas com a comunicação do governo.
Folha - Como conciliar essa democratização e a Lei de Licitações?
É verdade que há um acordo entre
as agências para evitar que uma
atenda mais de três contas?
Amaral - É um acordo não escrito. Eu disse, no início, que não
gostaria que uma agência tivesse
mais de três contas, para evitar um
grande volume de publicidade
concentrado em poucas agências,
como no passado. Mas era um pedido que eu não tinha condições
de cumprir. Como eu vou assegurar que uma agência não ganhe
uma licitação? Houve um entendimento das agências. Muitas que já
tinham três contas não se candidatavam mais a contas de governo.
Excepcionalmente, houve uma ou
outra que ganhou mais uma conta,
e depois abandonou outra.
Folha - Essa exceção seria a Propeg? Ela é apontada como a agência que ganhou o filé mignon...
Amaral - Não. Em cada fase temos uma agência que é considerada a mais preferida. No início, as
críticas eram para a DM9. Depois,
chegou-se a falar na Fischer & Justus. A Propeg tem uma conta que é
grande em recursos, a Petrobrás, e
uma que não é grande, mas é relevante em termos de comunicação
do governo, o "Brasil em Ação".
Folha - Os publicitários comentam que haveria uma certa preferência pelos baianos, graças à influência atribuída ao senador Antonio Carlos Magalhães. Se, no julgamento técnico, houver empate,
dizem, ganhará a agência baiana...
Amaral - A escolha de uma
agência envolve um certo grau de
subjetividade. Eu acho que esse
sistema está errado. Já tentei mudar. Acho que deveria haver uma
pré-seleção de agências, com critérios técnicos. Depois, o dirigente
da estatal ou o ministro escolheria,
com total liberdade, aquela que ele
acredita que está identificada com
a orientação que ele quer imprimir. Quanto às críticas aos baianos, a publicidade brasileira, pública ou privada, tem expressiva
participação baiana.
Folha - Têm sido interpostos
muitos recursos nas licitações?
Amaral - Muito poucos. Quando você tem 44 agências participando, é muito difícil dizer que o
governo está favorecendo.
Folha - Ainda está em vigor o esquema em que empresas de televisão fornecem diariamente dez minutos gratuitos ao governo?
Amaral - Não é um esquema. As
televisões têm uma concessão. E o
governo, como autoridade concedente, tem necessidade de, em certas circunstâncias, fazer veiculação gratuita. Eu não sei se é 5% ou
10%. Em geral, são questões de utilidade pública.
Folha - O que distingue uma
campanha institucional de uma
que dá dividendos eleitorais?
Amaral - Nós temos que nos
preocupar é com o cumprimento
estrito da legislação eleitoral. A
partir de 4 de julho, estão vedadas
todas as campanhas institucionais, menos aquelas autorizadas
pelo Tribunal Superior Eleitoral. O
governo está se antecipando e vai
retirar a marca "Brasil em Ação".
A partir de 1º de julho, a marca será
apenas "Brasil".
Folha - Por que a Petrobrás tem
de fazer campanha sobre a estabilidade econômica?
Amaral - A Petrobrás fez um
programa chamado "Brasil
Real", não falava da estabilidade.
Foi interrompido no final do ano
passado. Falava de um Brasil que
está dando certo. A Petrobrás associava o seu nome a coisas positivas.
Folha - Como a Secom se relaciona com as agências que trabalham
na campanha eleitoral?
Amaral - A Secom não tem,
nem terá, qualquer participação
na campanha eleitoral. O que não
posso impedir é que agências que
vierem a participar da campanha
também atendam o governo.
Folha - Qual é o valor global da
comunicação da administração pública federal?
Amaral - Nos últimos anos, a
verba de comunicação do governo
federal ficou entre R$ 110 milhões e
R$ 120 milhões.
Folha - Mas esse total não engloba a administração indireta.
Amaral - Não. Eu só acompanho os gastos do governo. Quem
decide quanto uma estatal gasta é a
sua diretoria, e quem fixa o teto é a
Secretaria de Controle das Estatais.
Folha - Para que serve o IAP (Instituto para Acompanhamento da
Publicidade)?
Amaral - A idéia do instituto
surgiu na primeira reunião com as
entidades de classe. Nós começamos a pedir serviços que normalmente uma agência oferece ao setor privado: medição de audiência,
simulações de mídia, checagem de
veiculação e, às vezes, até testes de
campanha. As agências decidiram
se cotizar para pagar esse serviço.
Não me interessa como, mas que o
serviço seja prestado.
Folha - Há algum constrangimento no fato de que esse trabalho é
fornecido gratuitamente pelos
mesmos agentes privados que
prestam serviços ao governo?
Amaral - Não. Se a agência
presta esse serviço ao setor privado, por que não pode prestar também ao governo?
Folha - Mas o poder de decisão é
definido pelo volume de veiculação para o governo. Isso não cria
uma espécie de clube?
Amaral - Todas as agências que
atendem o governo participam do
IAP. Essa prestação é absolutamente transparente. Então, qual é
o problema? Eu não consigo ver.
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