São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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PAINEL

Risco de isolamento
Mal nas pesquisas, José Serra (PSDB) começou a espalhar na base aliada: quem desertar de sua campanha agora ou fizer jogo duplo com Ciro Gomes (PPS) não poderá voltar no futuro, quando o tucano aposta que subirá nas pesquisas. Nem terá espaço no seu eventual governo.

Endereço certo
O recado de Serra tem como destinatário principal o PFL, que cada vez mais vai para o lado de Ciro. Agripino Maia (RN) e aliados de Jorge Bornhausen (SC) e de ACM (BA) já ouviram a ameaça. Setores do PMDB e do PSDB, como Tasso Jereissati, também já foram avisados.

Plano L
Aos tucanos empolgados com a subida de Ciro, Serra mandou um outro recado. Se for "cristianizado" pelo partido, apoiará Lula (PT) no segundo turno.

Prêmio de consolação
Uma dúvida assola o comitê de Serra (PSDB): há medalha de bronze na eleição presidencial?

Programa Carandiru
Adversários de Ciro Gomes (PPS) dizem que o programa de segurança pública do ex-governador Fleury Filho (PTB-SP), que afirma atuar a pedido do presidenciável, tem 111 pontos.

República collorida
Assim como Ciro (Roberto Jefferson e José Martinez) e Serra (Renan Calheiros), Garotinho também tem seus colloridos: Eduardo Cunha (que trabalhou em 89 para Collor), Daniel Tourinho (então presidente do PRN) e Jorge La Salvia (que foi procurador de PC Farias).

Tempo de estrada
Emerson Palmieri, dirigente do PTB-PR acusado de receber recursos do caixa dois de Cassio Taniguchi (prefeito de Curitiba), tinha relações com Sérgio Motta na campanha de 94. Foi um dos principais operadores de Andrade Vieira, maior arrecadador da campanha de FHC.

Pilha de processos
Ministros do TST estão espantados com o TRT do Rio de Janeiro que, por orientação da sua presidência, há seis meses não julga nada, após um incêndio no prédio. Advogados trabalhistas que estão sem receber honorários -alguns dos quais chegaram a pedir ajuda financeira à OAB- já pediram intervenção.

Não teve jeito
A Justiça Federal decidiu que Everardo Maciel (Receita Federal) deve mesmo prestar depoimento como testemunha no processo movido contra o auditor Edson Pedrosa. O pedido é do próprio servidor. Em 2001, Everardo não quis depor e foi ameaçado de prisão pela Justiça.

Denúncia e processo
Pedrosa é acusado de ter recebido irregularmente R$ 8.000 para custear parte de sua mudança de Brasília para o Rio. Ele diz que a acusação é "ridícula" e que sofre represália à denúncia que fez de contrabando na Receita. Por meio de advogado, em 2001, Everardo negou relação.

Salto geográfico
Lula visitou nos últimos dias os Estados da Paraíba, de Pernambuco e de Sergipe. Pulou Alagoas, onde o PT local sofreu intervenção da cúpula do partido porque não aceitava se coligar com o PL, partido que no Estado mantém relações fraternas com Fernando Collor.

Cravo e ferradura
No novo site de Lula, o José Alencar (PL-MG), vice do petista, confessa ser fã do economista Roberto Campos (1917-2001), expoente neoliberal e da primeira fase do regime militar. Mas também elogia Celso Furtado, ídolo da esquerda.

Trânsito jurídico
O ex-ministro do TSE Eduardo Alckmin, primo de Geraldo Alckmin (SP), defenderá Serra (PSDB) nos processos em tramitação no TSE na campanha.

TIROTEIO

Do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), sobre a crise na campanha presidencial de Anthony Garotinho (PSB):
- O Garotinho poderia aproveitar essas pesquisas que o colocam abaixo de 10%, com votos quase só no nicho evangélico, para desistir e substituir a esposa para o governo do Estado. Assim ele não passaria o vexame de terminar a eleição com menos votos do que o Enéas.

CONTRAPONTO

Força de expressão

Na semana passada, líderes do PSDB, do PMDB e do PFL se reuniram com o presidenciável tucano, José Serra, em Brasília, para rediscutir os rumos da campanha, após o crescimento de Ciro Gomes (PPS), que surgiu em segundo lugar isolado nas últimas pesquisas de intenção de voto.
Ao final da reunião, onde houve muitas críticas, Serra quis fazer um agrado aos apoiadores. Virou-se para o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), e elogiou:
- Quero agradecer o apoio de peso que tenho recebido do Marco Maciel.
Michel Temer, presidente do PMDB, não resistiu à chance e fez ironia a respeito da magreza do vice, que já foi apelidado até de "mapa do Chile":
- Sob o ponto de vista político, tudo bem. Mas, no aspecto físico, trata-se de uma ofensa...
Os políticos riram.



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