JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa no final desta semana uma viagem pela África, onde irá anunciar a diminuição das tarifas de importação para produtos oriundos de países africanos em desenvolvimento e de língua portuguesa.
O Itamaraty informou ainda que o Brasil deve abrir, em dois ou três meses, uma embaixada na Etiópia. As ações fazem parte da chamada "política de assimetria", defendida pelo Brasil, que prevê diferenças nas negociações comerciais entre países com distintos graus de desenvolvimento.
Na viagem à África, que ocorrerá entre os dias 25 e 29, o presidente Lula pretende anunciar um acordo entre o Mercosul e países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) que visa diminuir as tarifas de importação de produtos provenientes de nações africanas como Moçambique e Cabo Verde. O acordo ainda precisa ser aprovado pelos outros países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai).
"A política externa brasileira sempre defendeu a assimetria, inclusive nas negociações com os países industrializados. Por que iríamos negar isso agora a outros países?", afirmou o embaixador Pedro Motta, responsável pelo Departamento de África do Ministério das Relações Exteriores.
Um dos exemplos citados foi o camarão proveniente de Moçambique, que, segundo o Itamaraty, pode aumentar a concorrência no mercado nacional. O comércio entre o Brasil e os três países a serem visitados, São Tomé e Príncipe, Gabão e Cabo Verde, é irrisório, em torno de US$ 20 milhões, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.
Em São Tomé e Príncipe, o presidente participará da reunião da CPLP. O Brasil espera que, no encontro com os outros sete países da comunidade, já seja autorizada a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Hoje o acordo tem a ratificação de apenas três países: além do Brasil, Portugal e Cabo Verde.

Comitiva
Para Gabão e Cabo Verde, deve viajar uma comitiva de 15 e 12 empresários, respectivamente, dos setores de alimentação, construção civil e saúde.
O governo brasileiro, por meio de doações de empresários, também levará dois telecentros para serem construídos em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, onde também estão em curso negociações para o setor petrolífero.


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