São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2006

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40 receberam propina em dinheiro, diz CPI

Dez congressistas sanguessugas tiveram depósitos em conta pessoal, e cinco, em conta de parente, segundo empresário

Cinco receberam presentes, como um carro BMW, disse Jungmann, que especificou a forma de pagamento de propina a 94 parlamentares

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), discriminou ontem como 94 parlamentares teriam sido beneficiados pelo esquema da quadrilha da máfia das ambulâncias. O levantamento foi feito de acordo com informações contidas no depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin à Justiça Federal no Mato Grosso.
Jungmann disse que 40 parlamentares receberam pagamento de propina em dinheiro vivo, o que dificultará a comprovação de que foram beneficiados pelo esquema.
"Mas tudo que não é pagamento em "cash" está documentado", ressalvou ele. O deputado defenderá a quebra de sigilo bancário daqueles que, segundo Vedoin, teriam recebido pagamentos em dinheiro vivo.
Segundo ele, outros 10 parlamentares receberam o pagamento de propina por meio de depósitos em conta corrente pessoal. "Isso é um absurdo e traduz o sentimento de impunidade [dos parlamentares]", disse o deputado.
Outros cinco teriam recebido propina por meio de contas de parentes. "Três deles pelas [contas de suas] mulheres", disse Jungmann. Outros 34 parlamentares teriam recebido o dinheiro por intermédio do pagamento em contas correntes de assessores de gabinete.
O vice-presidente da CPI disse que cinco dos 94 parlamentares do levantamento não receberam pagamentos, mas foram beneficiados com presentes. "Tem BMW, Fiat e também um ônibus", disse o deputado. "Devo confessar minha depressão e vergonha", afirmou.
Raul Jungmann disse ainda que parlamentares também chegaram a ser beneficiados com o empréstimo de flats e pagamentos de viagens pela quadrilha do esquema.
Jungmann afirmou que irá defender a divulgação dos 105 nomes de parlamentares -ele não explicou por que só 94 aparecem no levantamento.
"É preciso dar transparência para todos esses dados. O deputado tem que explicar de público o que fez", completou.
Até agora, a CPI dos Sanguessugas divulgou o nome de 57 parlamentares que estão sendo investigados pela comissão. Todos também tiveram abertura de inquérito pedida pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Ontem, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator da comissão, recebeu advogados responsáveis pelas defesas de parlamentares envolvidos no esquema das compras superfaturadas de ambulâncias por prefeituras.
Ex-advogado do deputado cassado Ronivon Santiago (PP-AC), Paulo Goyaz vai cuidar da defesa de parlamentares do PP e do PTB. "Vou me inteirar do assunto a partir de hoje", disse Goyaz. Ontem, Sampaio autorizou o acesso de advogados e de parlamentares ao depoimento do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin.


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