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CASO TRT
Executivo lança código de ética para funcionários e propõe que tribunais superiores discutam pedidos de regionais
Governo quer que tribunal controle verba
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo apresenta hoje, junto com o lançamento do novo código de ética do funcionalismo
público, uma série de sugestões
para tornar a execução do Orçamento mais transparente.
Entre as sugestões, está a criação
de um modelo de controle orçamentário no qual as instâncias estaduais dos tribunais de um mesmo ramo do Poder Judiciário
(trabalho ou Justiça eleitoral, por
exemplo) não poderiam decidir
sozinhos os investimentos que seriam realizados anualmente.
Dessa forma, os TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho) teriam de discutir suas prioridades
orçamentárias com o TST (Tribunal Superior do Trabalho). A
mesma regra valeria para as relações entre os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As propostas do governo deverão ser apresentadas formalmente hoje pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso aos presidentes do Senado Federal, Antonio
Carlos Magalhães (PFL), da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB) e do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Carlos Velloso.
Tanto o código de ética quanto
as mudanças no Orçamento fazem parte da estratégia do governo de melhorar sua imagem. A intenção é afastar o governo das denúncias envolvendo o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo
Jorge Caldas Pereira com o ex-juiz
foragido Nicolau dos Santos Neto,
principal acusado pelo desvio de
R$ 169,5 milhões de verbas públicas da obra do TRT-SP.
Na apuração do caso, está havendo um "jogo de empurra" entre governo e tribunais, todos alegando que o repasse das verbas
que acabaram desviadas era automático e que tanto governo quanto TST, por exemplo, não teriam
como impedir irregularidades.
"Manobra"
"Isso não passa de uma manobra para dizer que os problemas
(desvio de recursos para e da obra
do TRT-SP) aconteceram no Poder Judiciário e não no governo",
comenta o deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG), membro da
comissão mista de Orçamento.
De acordo com o advogado-geral da União, Gilmar Mendes, o
objetivo é criar um "modelo de
responsabilidade solidária".
Mendes não detalhou, porém, como esse modelo funcionaria. "A
lei vai ter de detalhar isso".
Segundo Mendes, atualmente,
"cada tribunal é uma ilha". Ou seja, a independência na execução
orçamentária, que deveria ser do
Poder Judiciário, acaba sendo de
cada tribunal.
Outra sugestão é divulgar a execução orçamentária na Internet.
Hoje, essa execução é publicada
mensalmente no ""Diário Oficial"
da União. "Serão sugestões à espera de sugestões. Nada está definido", afirmou Mendes.
O ministro Martus Tavares
(Planejamento) defende também
uma maior discussão prévia do
Orçamento para evitar atritos
com o Congresso caso o Executivo tenha de fazer cortes na proposta aprovada em plenário.
O governo também pretende
deixar de incluir na proposta orçamentária o repasse de recursos
para obras consideradas irregulares pelo TCU (Tribunal de Contas
da União).
A Folha apurou que o Planalto
também pretende sugerir o fim
das emendas individuais de parlamentares. Hoje, existem emendas
individuais e coletivas. As coletivas são divididas em emendas de
bancada (Estados) e de comissão
(saúde, educação etc.).
Depois da CPI do Orçamento,
em 95, as emendas individuais ficaram restritas ao número de 20
por parlamentar e a um valor em
torno de R$ 1,5 milhão também
por parlamentar.
Código de ética
O novo código de ética do funcionalismo tentará evitar a influência da iniciativa privada sobre o interesse público. Os ocupantes dos cargos de confiança no
alto escalão (cerca de 400 pessoas
no governo federal) serão obrigadas a fazer uma quarentena de
quatro meses ao saírem de seus
cargos públicos. Mas o período
será remunerado.
Nesse período, o ex-servidor
não poderá atuar no mesmo ramo de sua atividade no governo
nem prestar consultoria. O código
de ética será divulgado por FHC
hoje à tarde em cerimônia com a
presença de ministros de Estado e
cerca de 300 convidados.
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