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JANIO DE FREITAS
Dia de estréia
A estréia do programa eleitoral gratuito na TV, às 13h
de ontem, delineou com bastante clareza as diferenças de concepção dos marqueteiros, tanto
no que respeita aos recursos da
sua atividade como à percepção
que cada um tem do seu candidato.
Justifica-se começar a apreciação por Anthony Garotinho: foi
a surpresa maior. Para o que se
propôs, o programa do dia inaugural foi muito produtivo. Direto, claro, com apelo eleitoral
bem formulado segundo a temática do candidato, o programa foi dirigido por Carlos Rayel, mas com Anthony Garotinho como marqueteiro de si
mesmo.
Duda Mendonça e Einhart Jacome da Paz, marqueteiros de
Lula da Silva e de Ciro Gomes,
mostraram que sua linha são
programas de teor político com
sentido eleitoral. Duda ainda
mais do que Einhart, pelo menos nas exibições iniciais.
Já Nizan Guanaes adotou para José Serra as técnicas da publicidade comercial: nos momentos sem a presença de Serra,
cenário e movimentação bem à
maneira da publicidade televisiva de bebidas, por exemplo, já
muito conhecida de todo telespectador brasileiro. Na longa
presença de Serra, outra vez a
TV conhecida, a entrevista ao
estilo do programa de Roberto
Dávila.
Se consideradas a necessidade
de comunicação de Serra com o
eleitorado, é interessante que
Nizan Guanaes tenha escolhido,
como cenário para a parte temática do programa, um ambiente com evidências de alto
luxo, aparentemente a casa do
próprio candidato. E aí produzido uma situação ostensivamente artificial entre Serra e Valéria
Monteiro, que nunca se mostrou pior no papel de entrevistadora.
Duda Mendonça conseguiu
aproveitamento pleno do tempo, fazendo com que os minutos
de Lula não mostrassem ser
apenas a metade dos minutos
disponíveis para Serra. O propósito de Einhart, aparentemente,
foi exibir vastamente um candidato de sucesso em diferentes setores e camadas eleitorais -e
nesse sentido fez bom uso do
tempo de Ciro (também perto
de metade do tempo de Serra).
Sem novidade temática, o programa de Lula voltou à construção de plataformas petrolíferas
em Cingapura, e não no Brasil,
com tratamento concomitantemente duplo. Político, de crítica
à omissão presidencial na defesa da construção das plataformas aqui; e eleitoral, na bem exposta argumentação do que isso
representaria em geração de
empregos e consequências econômicas.
O programa de Ciro deixou a
marca do candidato, embora
sem a palavra do presidenciável. E, no de Serra, a montagem
esqueceu que o corte pode resolver falhas verbais. Como a do
candidato cumprir a sua onerosa tarefa governista dizendo
que, nos últimos anos, "a economia melhorou" e que o seu primeiro ato presidencial seria determinar "a todos os ministérios, não só o do Trabalho", providências para combater o desemprego. Para quem deposita
a sorte eleitoral nos programas,
o pouco cuidado na estréia menos prometeu do que comprometeu.
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