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Serra investe contra Ciro no 1º dia de propaganda na TV
Programa tucano destoa dos demais ao recorrer a campanha negativa contra candidato do PPS
RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com menos de 50 dias para tentar reverter uma desvantagem de
14 pontos percentuais em relação
a Ciro Gomes (PPS), José Serra
(PSDB) partiu para o ataque no
primeiro dia do horário gratuito.
Contrariando declarações tucanas de que a propaganda de TV só
recorreria à desqualificação de
adversários caso fosse alvo da
mesma tática, o programa exibido na noite de ontem teve seu bloco final ocupado por artilharia pesada contra o candidato do PPS.
O tema desta vez não foram as
mentiras -reais e supostas- de
Ciro, tecla batida por Serra desde
o debate entre os presidenciáveis.
O objetivo era frisar que "Ciro
agride todo mundo". Foram enumeradas antigas frases desabonadoras do candidato a respeito de
partidos e políticos que hoje o
apóiam: "Tenho nojo do PFL",
"Brizola é a fina flor do atraso",
"O Fleury é um aborto da natureza". Para completar, foi citado o
episódio em que Ciro chamou de
"burro" o ouvinte de uma rádio.
Na tentativa de se preservar de
eventuais prejuízos causados pela
campanha negativa, estilo de propaganda política muitas vezes rejeitado pelo eleitor, a equipe de
Serra mudou radicalmente o estilo do programa no momento em
foram iniciados os ataques: outro
locutor, outro gênero de imagem,
nenhuma identificação de autoria. Logo depois da pergunta de
encerramento -"Ciro: mudança
ou problema?"- entrou no ar o
programa do candidato do PPS.
Depois da exibição, Torquato
Jardim e Helio Parente, advogados da campanha de Ciro, reuniram-se para preparar pedido de
direito de resposta.
O programa noturno de Serra
foi bastante diferente do vespertino. À tarde, os ataques foram contidos. Serra se limitou a dizer que
para governar não se pode ter
"desequilíbrio emocional", senha
tucana para falar de Ciro (à noite,
FHC elogiou seu candidato por
ser "equilibrado").
Outra diferença: a "entrevista"
do tucano à apresentadora Valéria Monteiro deu lugar, à noite, a
Gugu Liberato funcionando como âncora da biografia de Serra.
A propaganda tucana foi campeã em figuras da indústria do entretenimento. Além de Gugu e da
atriz Solange Couto (que, na pele
da personagem "dona Jura", fez a
passagem para o bloco anti-Ciro),
apareceram Chitãozinho e Xororó, o grupo KLB e Elba Ramalho.
Os músicos entoaram um jingle
sobre criação de empregos tomado emprestado de uma marca de
cerveja -vale lembrar que Nizan
Guanaes, responsável pela propaganda de Serra, utilizou o mesmo
recurso para Roseana Sarney.
O tucano não foi o único a mudar de discurso da tarde para a
noite. Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) apareceu no seu programa
vespertino em imagem externa,
mangas de camisa e dirigindo-se
aos trabalhadores (especialmente
desempregados). No bloco noturno, estava em estúdio, rodeado de
"notáveis" do PT e falando preferencialmente aos empresários.
À tarde, o programa de Ciro deu
ênfase a manifestações de rua e a
apoios conquistados pelo candidato. À noite, em estúdio como
Lula, concentrou-se em elencar
problemas e propor soluções.
Na soma das emissoras, o horário noturno alcançou 48 pontos
no Ibope (cada ponto equivale a
47 mil domicílios da Grande SP).
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