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Risco de empréstimo de órgão será da iniciativa privada, afirma Ciro
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, acredita que a
Nova Sudam terá uma vantagem
em relação ao órgão anterior: o
risco dos empréstimos concedidos terá de ser assumido por uma
instituição financeira privada,
que vai receber para isso.
É uma metodologia idêntica à
adotada na recriação da Sudene,
no mês passado.
A seguir, entrevista de Ciro sobre a recriação da Sudam, que terá "Nova" no nome:
Folha - Por que a Sudam antiga
não funcionou direito e a que o sr.
está recriando funcionaria?
Ciro Gomes - A Nova Sudam só
vai lembrar a antiga no nome.
Mergulhei fundo em tudo o que
foi feito no passado. O que se fazia
antes não era um sistema de desenvolvimento, mas um balcão de
distribuição de favores e benefícios. 67% dos projetos não funcionaram. Passei quatro meses
discutindo isso profundamente
com políticos, empresários, servidores e Ministério Público.
Folha - Que tipo de garantia há de
que os erros não serão repetidos?
Ciro - Tudo da antiga Sudam está separado na inventariança que
está responsável pelo processo de
liquidação. Vou procurar fazer
todo o possível para que não exista comunicação entre esse passado e o que se fará. A equipe será de
funcionários concursados. Acredito que não sejam necessários
mais do que cem. O objetivo é fazer corpo de funcionários no estilo do que tem o BNDES e o Ipea.
Folha - Mas nada disso dá certeza
de que o orgão não terá fraudes...
Ciro - A garantia estará nos métodos de trabalho. Fará com que a
nova organização nasça blindada
contra a corrupção. Para começar, haverá um Conselho Deliberativo composto por governadores, ministros, trabalhadores, empresários, que vai se reunir duas
vezes por ano, sob o comando do
presidente da República.
Folha - Qual a função desse conselho?
Ciro - Vai aprovar um projeto indicativo de 15 anos e outro para os
primeiros quatro anos, com as
prioridades da Nova Sudam. A
grande inovação será o fato de os
projetos não serem mais apenas
para grandes empresas, além de
privatizarmos o risco deles.
Folha - Como assim?
Ciro - Quando um projeto for
aprovado, o solicitante poderá
procurar qualquer agente financeiro, seja um banco da iniciativa
privada, uma cooperativa de crédito. O dinheiro, originalmente,
estará hospedado no Basa [Banco
da Amazônia]. Uma vez indicada
a instituição pelo representante
do projeto aprovado, o dinheiro
segue para lá. Para fazer esse serviço, esse banco receberá um pagamento. Estamos procurando
uma taxa competitiva, mas pode
ficar em torno de 6% do valor -o
custo fica com a Nova Sudam.
Folha - E qual é a vantagem?
Ciro - Muito simples. Ao assumir
a operação, o banco que repassar
o dinheiro assumirá também o
risco: se o responsável pelo projeto vier a fracassar e se tornar inadimplente, quem banca a perda
será essa instituição financeira
privada. Quem devolverá o dinheiro para a Nova Sudam será o
banco privado.
Folha - Por que razão um banco
privado vai querer assumir o risco?
Ciro - Para ter lucros. Se o projeto for bem estruturado e tiver
chances reais de dar certo, o banco vai ter o lucro com a taxa de administração que vai cobrar.
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