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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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Risco de empréstimo de órgão será da iniciativa privada, afirma Ciro

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, acredita que a Nova Sudam terá uma vantagem em relação ao órgão anterior: o risco dos empréstimos concedidos terá de ser assumido por uma instituição financeira privada, que vai receber para isso.
É uma metodologia idêntica à adotada na recriação da Sudene, no mês passado.
A seguir, entrevista de Ciro sobre a recriação da Sudam, que terá "Nova" no nome:
 

Folha - Por que a Sudam antiga não funcionou direito e a que o sr. está recriando funcionaria?
Ciro Gomes -
A Nova Sudam só vai lembrar a antiga no nome. Mergulhei fundo em tudo o que foi feito no passado. O que se fazia antes não era um sistema de desenvolvimento, mas um balcão de distribuição de favores e benefícios. 67% dos projetos não funcionaram. Passei quatro meses discutindo isso profundamente com políticos, empresários, servidores e Ministério Público.

Folha - Que tipo de garantia há de que os erros não serão repetidos?
Ciro -
Tudo da antiga Sudam está separado na inventariança que está responsável pelo processo de liquidação. Vou procurar fazer todo o possível para que não exista comunicação entre esse passado e o que se fará. A equipe será de funcionários concursados. Acredito que não sejam necessários mais do que cem. O objetivo é fazer corpo de funcionários no estilo do que tem o BNDES e o Ipea.

Folha - Mas nada disso dá certeza de que o orgão não terá fraudes...
Ciro -
A garantia estará nos métodos de trabalho. Fará com que a nova organização nasça blindada contra a corrupção. Para começar, haverá um Conselho Deliberativo composto por governadores, ministros, trabalhadores, empresários, que vai se reunir duas vezes por ano, sob o comando do presidente da República.

Folha - Qual a função desse conselho?
Ciro -
Vai aprovar um projeto indicativo de 15 anos e outro para os primeiros quatro anos, com as prioridades da Nova Sudam. A grande inovação será o fato de os projetos não serem mais apenas para grandes empresas, além de privatizarmos o risco deles.

Folha - Como assim?
Ciro -
Quando um projeto for aprovado, o solicitante poderá procurar qualquer agente financeiro, seja um banco da iniciativa privada, uma cooperativa de crédito. O dinheiro, originalmente, estará hospedado no Basa [Banco da Amazônia]. Uma vez indicada a instituição pelo representante do projeto aprovado, o dinheiro segue para lá. Para fazer esse serviço, esse banco receberá um pagamento. Estamos procurando uma taxa competitiva, mas pode ficar em torno de 6% do valor -o custo fica com a Nova Sudam.

Folha - E qual é a vantagem?
Ciro -
Muito simples. Ao assumir a operação, o banco que repassar o dinheiro assumirá também o risco: se o responsável pelo projeto vier a fracassar e se tornar inadimplente, quem banca a perda será essa instituição financeira privada. Quem devolverá o dinheiro para a Nova Sudam será o banco privado.

Folha - Por que razão um banco privado vai querer assumir o risco?
Ciro -
Para ter lucros. Se o projeto for bem estruturado e tiver chances reais de dar certo, o banco vai ter o lucro com a taxa de administração que vai cobrar.


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