São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Candidata falou ontem à noite sobre morte de 4 moradores de rua em SP; Serra também "esquentou" programa e relembrou vacinação hoje

Erundina é única a citar chacina na TV

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

A candidata à prefeita Luiza Erundina (PSB) usou seu tempo no horário eleitoral de ontem à noite na TV para comentar o assunto de maior repercussão na cidade desde quinta-feira: a agressão a dez moradores de rua no centro de São Paulo -quatro deles morreram. A chacina foi considerada pela Pastoral de Rua e pela prefeitura a mais grave já ocorrida na capital.
A ex-prefeita fez um longo discurso intercalado com imagens das manchetes e páginas internas dos principais jornais sobre o episódio. "Peçamos perdão a Deus pelo que fizemos com essas pessoas", disse. Defendeu que a culpa pelas mortes dos moradores de rua não era apenas dos assassinos, mas também dos paulistanos.
Apesar dos recursos técnicos pobres, Erundina "esquentou" o programa -foi a única a citar o caso no horário eleitoral- e fez propaganda bem mais impactante que a exibida na estréia e ontem na hora do almoço, quando o vice Michel Temer (PMDB) aparecia primeiro que a candidata.
Quem também "esquentou" o programa foi o tucano José Serra. Convocou, à noite, na TV, os paulistanos para campanha de vacinação infantil que acontece hoje -mais parecia pronunciamento do ministro da Saúde do que programa eleitoral. Ele já havia lembrado a vacinação no rádio.
Tanto no rádio como na TV, o programa de Serra se esforçou para "colar" a imagem do candidato à do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ações do governo do Estado na capital foram citadas para reagir à propaganda da principal adversária, Marta Suplicy (PT), que tem como trunfo as realizações de sua gestão, como os CEUs (Centros Educacionais Unificados), os piscinões e o Bilhete Único nos ônibus.
Alckmin tem ajudado na campanha fazendo corpo-a-corpo ao lado do candidato. Segundo pesquisa Datafolha de junho, Alckmin tem 51% de avaliação ótima ou boa, 36% de regular e 10% de ruim ou péssima.
O programa de Serra mostrou várias obras realizadas pelo governo do Estado na cidade de São Paulo, como os conjuntos habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e a despoluição do rio Tietê. "Alckmin no governo e Serra na prefeitura vão se unir para resolver os problemas da cidade", anuncia o locutor do programa.
Marta aproveitou em sua propaganda de ontem à tarde na TV parte do programa que fora transmitido na quarta à noite. Porém, acrescentou depoimentos de eleitores elogiando os CEUs. O principal tema foi a educação. À noite, mais CEUs e clipes com crianças.
Paulo Maluf (PP) levou sua mulher, Sylvia, à TV. Ela deu depoimento dizendo que ele "sempre foi um filho maravilhoso, um marido maravilhoso, um pai e um avô excepcionais". À noite, o foco do ex-prefeito, cruzando imagens novas e antigas, foram os Cingapuras -projeto de moradia popular lançado em sua gestão.

Mais crítico
A propaganda no rádio difere da da TV pelo tom mais crítico. Ontem, por exemplo, Serra apropriou-se dos dois slogans da campanha de Marta Suplicy, que a identificam como uma mulher de "coragem" e que "faz bem-feito".
O locutor afirma que Serra brigou com os laboratórios farmacêuticos e com a indústria do fumo, para depois concluir: "isso é que é coragem". Depois, a letra de um dos jingles diz: "Serra é do bem, ele é quem faz bem-feito".
A campanha de Marta usou o formato entrevista para que a candidata pudesse falar de seus feitos. Marta diz que "não se pode esquecer também que fiz muita obra". E se diz "sincera e humilde" ao reconhecer que há problemas na saúde. (CHICO DE GOIS, FLÁVIA MARREIRO e RICARDO WESTIN)

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