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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Candidata falou ontem à noite sobre morte de 4 moradores de rua em SP; Serra também "esquentou" programa e relembrou vacinação hoje
Erundina é única a citar chacina na TV
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
A candidata à prefeita Luiza
Erundina (PSB) usou seu tempo
no horário eleitoral de ontem à
noite na TV para comentar o assunto de maior repercussão na cidade desde quinta-feira: a agressão a dez moradores de rua no
centro de São Paulo -quatro deles morreram. A chacina foi considerada pela Pastoral de Rua e
pela prefeitura a mais grave já
ocorrida na capital.
A ex-prefeita fez um longo discurso intercalado com imagens
das manchetes e páginas internas
dos principais jornais sobre o episódio. "Peçamos perdão a Deus
pelo que fizemos com essas pessoas", disse. Defendeu que a culpa
pelas mortes dos moradores de
rua não era apenas dos assassinos,
mas também dos paulistanos.
Apesar dos recursos técnicos
pobres, Erundina "esquentou" o
programa -foi a única a citar o
caso no horário eleitoral- e fez
propaganda bem mais impactante que a exibida na estréia e ontem
na hora do almoço, quando o vice
Michel Temer (PMDB) aparecia
primeiro que a candidata.
Quem também "esquentou" o
programa foi o tucano José Serra.
Convocou, à noite, na TV, os paulistanos para campanha de vacinação infantil que acontece hoje
-mais parecia pronunciamento
do ministro da Saúde do que programa eleitoral. Ele já havia lembrado a vacinação no rádio.
Tanto no rádio como na TV, o
programa de Serra se esforçou para "colar" a imagem do candidato
à do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ações do governo
do Estado na capital foram citadas para reagir à propaganda da
principal adversária, Marta Suplicy (PT), que tem como trunfo
as realizações de sua gestão, como
os CEUs (Centros Educacionais
Unificados), os piscinões e o Bilhete Único nos ônibus.
Alckmin tem ajudado na campanha fazendo corpo-a-corpo ao
lado do candidato. Segundo pesquisa Datafolha de junho, Alckmin tem 51% de avaliação ótima
ou boa, 36% de regular e 10% de
ruim ou péssima.
O programa de Serra mostrou
várias obras realizadas pelo governo do Estado na cidade de São
Paulo, como os conjuntos habitacionais da CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e
Urbano) e a despoluição do rio
Tietê. "Alckmin no governo e Serra na prefeitura vão se unir para
resolver os problemas da cidade",
anuncia o locutor do programa.
Marta aproveitou em sua propaganda de ontem à tarde na TV
parte do programa que fora transmitido na quarta à noite. Porém,
acrescentou depoimentos de eleitores elogiando os CEUs. O principal tema foi a educação. À noite,
mais CEUs e clipes com crianças.
Paulo Maluf (PP) levou sua mulher, Sylvia, à TV. Ela deu depoimento dizendo que ele "sempre
foi um filho maravilhoso, um marido maravilhoso, um pai e um
avô excepcionais". À noite, o foco
do ex-prefeito, cruzando imagens
novas e antigas, foram os Cingapuras -projeto de moradia popular lançado em sua gestão.
Mais crítico
A propaganda no rádio difere
da da TV pelo tom mais crítico.
Ontem, por exemplo, Serra apropriou-se dos dois slogans da campanha de Marta Suplicy, que a
identificam como uma mulher de
"coragem" e que "faz bem-feito".
O locutor afirma que Serra brigou com os laboratórios farmacêuticos e com a indústria do fumo, para depois concluir: "isso é
que é coragem". Depois, a letra de
um dos jingles diz: "Serra é do
bem, ele é quem faz bem-feito".
A campanha de Marta usou o
formato entrevista para que a
candidata pudesse falar de seus
feitos. Marta diz que "não se pode
esquecer também que fiz muita
obra". E se diz "sincera e humilde" ao reconhecer que há problemas na saúde.
(CHICO DE GOIS, FLÁVIA MARREIRO e RICARDO WESTIN)
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