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Mauro Paulino
Xote, baião e xaxado
NÃO IMPORTA O RITMO , o forró tornou-se trilha sonora padrão da disputa pela Presidência. Os
jingles que embalam as
campanhas de Lula e
Alckmin simbolizam a importância estratégica conferida aos votos nordestinos nessa eleição, justificada por ser o segundo colégio eleitoral do país com
27% dos eleitores. Além
disso as intenções de voto
em Lula alcançam 65% na
região 18 pontos acima de
sua média nacional, segundo o último Datafolha.
Isto é inédito na região e
na trajetória de Lula e
obriga os adversários a
roubar parte desses votos
para tornar viável o segundo turno. Uma missão
quase impossível se não
houver ousadia. Os resultados obtidos no Nordeste
nas quatro eleições presidenciais anteriores, em
comparação com as médias alcançadas junto ao
total do eleitorado, são reveladores da atual força de
Lula nesses Estados, fruto
das ações sociais de seu
governo.
A única vez em que o
percentual de votos obtidos por Lula no Nordeste
superou sua média nacional foi no primeiro turno
de 1989. Contra Collor,
Lula conquistou 16% dos
votos enquanto entre os
nordestinos atingiu 20%.
No segundo turno obteve
41% dos votos na região,
três pontos abaixo de sua
média nacional.
Em 1994, contra Fernando Henrique, Lula
conquistou 22% dos votos
nordestinos igualando seu
percentual nacional. Em
1998, chegou a 23% na região, três pontos abaixo de
sua média. Em 2002, a votação de Lula no Nordeste
cresceu para 38% mas ficou quatro pontos abaixo
do que obteve em todo o
país naquele ano. Vale
lembrar que em 1998 e em
2002 enfrentou a forte
concorrência de Ciro Gomes na região, hoje um fiel
correligionário. No segundo turno, contra Serra, Lula foi eleito com 58% dos
votos totais, enquanto no
Nordeste obteve 57%.
Os resultados de intenção de voto obtidos agora
por Lula refletem a avaliação positiva de seu governo junto aos nordestinos,
também muito acima da
média nacional. O governo federal conta hoje com
a aprovação de 59% desses
eleitores. É também no
Nordeste que se concentra a maior taxa dos que se
dizem totalmente decididos quanto ao voto: 75%.
Se nessas eleições o eleitor nordestino mantiver o
mesmo comportamento
verificado nas anteriores,
esse quadro não será revertido. Nas três últimas
eleições para presidente
os números obtidos por
Lula, em outubro, nas urnas nordestinas foram
quase idênticos às taxas de
intenção de voto verificadas pelo Datafolha na região durante o mês de
agosto. A campanha eletrônica não tem modificado a opinião dos nordestinos.
A se manter esse padrão
talvez seja uma opção à
campanha de Alckmin,
hoje, substituir Dominguinhos por Renato Borghetti e os conjuntos de
forró pelos Demônios da
Garoa.
MAURO PAULINO é diretor-geral
do instituto Datafolha
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