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Gabeira acusa PSB de repetir sanguessuga na pasta da Ciência
Deputado apresenta relatório em que diz que rápido trâmite para liberar verba para emendas é indício de favorecimento
Esquema teria sido usado na compra de ônibus para inclusão digital; partido nega e diz que deputado segue "ritmo da suposição"
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) entrega amanhã à
CPI dos Sanguessugas um relatório em que aponta suposto favorecimento político no MCT
(Ministério da Ciência e Tecnologia) na liberação de dinheiro para a compra de ônibus da
empresa Planam, utilizados no
programa de inclusão digital. O
esquema, que seria comandado
pelo PSB, repetiria o da máfia
das ambulâncias.
Um dos fatos citados por Gabeira no relatório é a aprovação
em um mesmo dia, pelo ministério, de três projetos apresentados por parlamentares. "Esse
é um indício de favorecimento,
porque um processo estritamente técnico demora muito
mais. Essa aprovação denota
um ritmo político", disse o sub-relator da CPI. O caso teria
ocorrido em 14 de dezembro do
ano passado.
Ex-ministro da Ciência e
Tecnologia e presidente em
exercício do PSB, Roberto
Amaral nega as acusações e
afirma que a maior parte dos
recursos do Orçamento são liberados no final do ano, por isso os projetos teriam sido aprovados de uma só vez. "Esse é o
ritmo da suposição", disse.
Emendas de 29 deputados federais -15 com cassação pedida pela CPI- destinaram R$
17,6 milhões em 2005 e 2006 a
projetos de compra de ônibus
com computadores para inclusão digital. O MCT repassou R$
13,5 milhões para essas emendas em novembro e dezembro
do ano passado. Só em 10 de
maio, seis dias depois da eclosão do escândalo, cancelou o
pagamento de parte do valor.
Do total, R$ 2,7 milhões foram gastos e três ônibus comprados. Todos foram adquiridos de empresas da família Vedoin, dona da Planam, pivô do
escândalo dos sanguessugas. A
Finep -órgão do MCT sediado
no Rio- pagou às empresas por
meio de três ONGs: Ibrae (Instituto Brasileiro de Cultura e
Educação), Intedeq (Instituto
de Tecnologia e Desenvolvimento de Qualidade) e Instituto Amor pela Vida.
Os Vedoin admitiram em depoimento que pagavam propina a parlamentares para que
destinassem verbas públicas
para a compra de ambulâncias
fabricadas por eles. Na seqüência o grupo fraudava licitações
em prefeituras para beneficiar
a Planam. A suspeita da CPI é
que o mesmo aconteceria com
os ônibus digitais.
Desde a posse de Lula em
2003, a Ciência e Tecnologia é
comandada por membros do
PSB: Roberto Amaral, Eduardo
Campos e agora Sergio Rezende. "É muito bom que o Gabeira
venha com provas, porque a essa altura do campeonato, se
vier com suspeição a bala vai ricochetear contra ele", disse o
deputado Beto Albuquerque
(PSB-RS), que é da Executiva
Nacional do partido.
Renúncias
A CPI já pediu a cassação de
69 deputados e três senadores.
O Conselho de Ética da Câmara
instaura o processo contra eles
amanhã e os acusados têm até
hoje para renunciar ao mandato, na tentativa de evitar a inelegibilidade por oito anos caso
sejam cassados. No Senado o
presidente do Conselho de Ética, João Alberto (PMDB-MA),
decide amanhã se vai abrir os
processos ou arquivar o caso.
Os deputados que assinaram
o requerimento de criação da
CPI dos Sanguessugas fazem
um ato amanhã, no plenário da
Câmara, pedindo rito sumário
para os processos de cassação
contra 15 deputados contra os
quais haveria provas consideradas irrefutáveis.
O objetivo seria votar esses
casos em plenário no próximo
dia 6. O presidente do Conselho
de Ética da Câmara, deputado
Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou que tentará acelerar os
processos, mas que não é possível votá-los no início de setembro devido aos prazos regimentais e de defesa.
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