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ADMINISTRAÇÃO
Ao atacar ex-ministro, governador diz que, se fosse roubar, não o faria na capital devido à concorrência
Covas vê corrupção "enorme" em Brasília
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
O governador de São Paulo,
Mário Covas (PSDB), respondeu
ontem as acusações de tráfico de
influência feitas pelo ex-ministro
Renan Calheiros (Justiça) com
um argumento que considera "lógico": se quisesse roubar, roubaria em São Paulo e não em Brasília, onde, segundo ele, "a concorrência é enorme".
Quando confrontado com o fato de que estava fazendo uma acusação contra um governo de seu
partido, o PSDB, Covas respondeu: "E daí? A acusação que me
foi feita também não partiu de um
aliado do governo?".
Calheiros, que reassumiu sua
cadeira no Senado depois que
saiu do ministério, acusa Covas
de defender a transferência da
inspeção de veículos para os Estados com o objetivo de favorecer
determinadas empresas.
Covas disse que nunca conversou com o ex-ministro sobre o assunto, mas afirma que sempre defendeu a transferência. O governador afirmou que a transferência permitiria que a inspeção de
veículos fosse feita com o controle
ambiental, que é uma atribuição
dos Estados.
Covas chamou Calheiros de "pivete" e "figura menor" e insinuou
que ele é "ladrão": "Coloque nós
dois um uma sala com mil pessoas e pergunte qual dos dois é o
ladrão para ver como é que elas
respondem".
O governador classificou de
"sórdida" a maneira como Calheiros se referiu a seu filho, Mário Covas Neto, na carta em que
fez suas acusações, enviada ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso. No documento, o ex-ministro chama o filho de Covas
de "um certo Zuzinha" -apelido
de Mário Covas Neto.
Covas deu as declarações minutos depois de participar da cerimônia do Yom Kipur, o Dia do
Perdão judaico. "Tenho plena capacidade de entender o perdão e
concedê-lo até mesmo a quem comete injustiças", disse Covas no
discurso que fez na cerimônia.
Calheiros também afirma que
Covas teve interesses contrariados pelo fato de o Ministério da
Justiça ter cancelado a licitação
para reformulação de passaportes
-vencida por consórcio do qual
fazia parte a empresa Tejofran, de
propriedade de Antonio Dias Felipe, amigo do governador.
Outro lado
O ex-ministro Renan Calheiros
rebateu as acusações de Covas,
atacando novamente o filho do
governador. "Está demonstrado
que ele (Covas) realmente não entende de pivete. Pivete é o tal Zuzinha, uma espécie de chuva ácida
que tem provocado a corrosão
moral de Covas."
"Ele (Covas) continua fazendo
propaganda enganosa de candura, mas quem o conhece sabe que
ele não tem limites", afirmou.
O porta-voz da Presidência,
Georges Lamazière, afirmou ontem que o presidente Fernando
Henrique Cardoso recebeu a carta do ex-ministro com denúncias
contra o governador Covas.
Segundo o porta-voz, FHC encaminhou a carta ao ministro da
Justiça, José Carlos Dias, que considerou que não era necessário tomar medidas sobre o assunto.
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