São Paulo, sábado, 21 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Presidenciável diz que país "precisa se proteger de ser obrigado a escolher entre candidato capaz de tudo e candidato incapaz"

Ciro duvida de pesquisa e critica Serra e Lula

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, amplificou ontem em Santos a virulência de suas críticas ao adversário José Serra (PSDB), a quem qualificou de "fascista".
Para Ciro Gomes, o candidato governista recorre a "ataques grosseiros, rasteiros" contra seus oponentes porque "não tem mérito nenhum". Segundo ele, o tucano "viveu sempre de chupar o sangue dos outros" e é "um fascista em suas práticas".
"Considero, fundamentalmente, que o Brasil precisa se proteger de ser obrigado a escolher entre um candidato capaz de tudo e um candidato incapaz", disse, referindo-se a Serra e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), respectivamente.
O pepessista deu as declarações após sessão solene no plenário da Câmara de Santos, na qual recebeu a medalha do mérito Brás Cubas, principal honraria concedida pelo Legislativo santista. A proposta de concessão da comenda ao candidato foi do presidente da Casa, o vereador José Antonio Marques Almeida, do PPS.
Em seu discurso de agradecimento, o presidenciável aproveitou para novamente criticar Serra e Lula -"Empregos são prometidos aos milhões, de forma despudorada, pelos nossos oponentes"- e para atingir especialmente o tucano. "Votar no candidato do governo significa claramente entregar nosso país a uma área de livre comércio dominada pelos americanos [referência à Alca", e isso é o fim do sonho de José Bonifácio e Tiradentes."
Antes de ir à Câmara, Ciro esteve no gabinete do prefeito de Santos, Beto Mansur (PPB), ex-deputado federal e principal liderança malufista da Baixada Santista
Acompanhado da mulher, a atriz Patrícia Pillar -que viveu em Santos na adolescência e, na eleição municipal de 2000, declarou apoio na TV à petista Telma de Souza, rival de Mansur-, Ciro recebeu do prefeito um pedido para incluir o porto de Santos entre os temas de sua campanha.
O presidente estadual do PTB, o ex-deputado federal Gastone Righi, disse que Mansur apoiará Ciro "pelo menos com o voto", embora o prefeito não tenha manifestado publicamente preferência por nenhum dos presidenciáveis. "[Ciro" é um bom candidato, tem experiência, e eu o recebi com muito prazer. Agora, precisa vir aqui e pedir o voto. Ele não pediu", declarou Mansur.
No encontro com o prefeito, Ciro reclamou do tom que, afirma, Serra imprimiu à sucessão presidencial. "Como é que vai querer governar depois, com esse nível de agressividade na campanha?", indagou o presidenciável, que disse que a Frente Trabalhista, coligação que o apóia, elegerá a maior bancada do futuro Congresso.

Ibope
Além de intensificar as críticas a Serra, Ciro também voltou a investir contra o instituto de pesquisas Ibope, acusado de manipulação depois de tê-lo situado em quarto lugar no levantamento divulgado no último dia 17.
"Credito minha queda na pesquisa do Ibope a eu não ter dinheiro para comprar os números do Ibope. Só isso. Como não tenho dinheiro para comprar os números do Ibope, vou cair não sei até onde", disse o candidato, para quem o instituto, "depois de causar todo esse prejuízo", voltará a "ajustar" os números com os dos demais órgãos verificadores das intenções de voto. A Frente Trabalhista contrata os serviços do instituto Vox Populi.
Em nota, o Ibope afirma: "O candidato Ciro Gomes sabe muito bem que o Ibope é uma instituição idônea e que construiu sua credibilidade trabalhando sério nesses 60 anos. Nós encaramos essa reação como um mau hábito de alguns políticos que procuram justificativa para seu desempenho na campanha eleitoral". A nota é assinada por Márcia Cavallari, diretora-executiva do instituto.


Colaborou a Sucursal do Rio



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