São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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Berzoini admite perda da maioria

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato a presidente do PT pelo Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, decretou ontem o fim do nome de sua própria corrente, ao reconhecer que precisará compor com outras alas se quiser manter a hegemonia interna.
"O recado das urnas é que o Campo Majoritário deixa de ser o campo majoritário. É o fim das maiorias fixas no PT", disse Berzoini. O nome da ala tende a ser substituído (provavelmente pelo da chapa que disputou a eleição, Construindo um Novo Brasil).
Apesar disso, os líderes do Campo tentaram dar viés positivo à derrocada. Passaram a dizer que a hegemonia de suas teses, de uma política econômica "responsável" e de alianças ao centro e à direita para assegurar a "governabilidade", foi assegurada. "O resultado é positivo para construirmos uma nova maioria. Vai nos obrigar a pensar, a produzir. Gosto do desafio", disse Berzoini.
Os resultados preliminares da apuração apontam para uma queda de dez pontos percentuais no desempenho do Campo na comparação com a votação anterior, há quatro anos. As projeções indicam que a ala deve ficar abaixo da marca simbólica de metade dos votos, obtendo em torno de 42%. Em 2001, ela teve 52%.
Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), a militância mostrou ter "compromisso estratégico" com o partido. "Todas as teses de sustentação ao governo e à sua política econômica saíram amplamente vitoriosas desse processo", disse.
A preocupação da atual direção do partido é não passar a impressão de que o crescimento dos "radicais" colocará em xeque a política econômica. Um deles -Raul Pont (Democracia Socialista) ou Valter Pomar (Articulação de Esquerda)- deve disputar um segundo turno contra Berzoini.
A matemática da direção para mostrar que nada mudou é complexa. Soma a fatia que o Campo terá com a de outra corrente moderada, o Movimento PT, "grupos regionais", como o da família Tatto em São Paulo, e a parte da Democracia Socialista ligada ao ministro Miguel Rossetto.
Juntando todos esses pedaços, chega-se a um controle de 60% do diretório, mas a lógica tem furos. O Movimento está rachado entre uma ala governista e uma de oposição; os Tatto insurgiram-se contra o Campo Majoritário e nada assegura o apoio de parte da DS.
O fato é que o Campo Majoritário, nascido em 1999 por obra de José Dirceu, deve perder sua maioria automática no partido.


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