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Berzoini admite perda da maioria
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato a presidente do PT
pelo Campo Majoritário, Ricardo
Berzoini, decretou ontem o fim
do nome de sua própria corrente,
ao reconhecer que precisará compor com outras alas se quiser
manter a hegemonia interna.
"O recado das urnas é que o
Campo Majoritário deixa de ser o
campo majoritário. É o fim das
maiorias fixas no PT", disse Berzoini. O nome da ala tende a ser
substituído (provavelmente pelo
da chapa que disputou a eleição,
Construindo um Novo Brasil).
Apesar disso, os líderes do
Campo tentaram dar viés positivo
à derrocada. Passaram a dizer que
a hegemonia de suas teses, de
uma política econômica "responsável" e de alianças ao centro e à
direita para assegurar a "governabilidade", foi assegurada. "O resultado é positivo para construirmos uma nova maioria. Vai nos
obrigar a pensar, a produzir. Gosto do desafio", disse Berzoini.
Os resultados preliminares da
apuração apontam para uma
queda de dez pontos percentuais
no desempenho do Campo na
comparação com a votação anterior, há quatro anos. As projeções
indicam que a ala deve ficar abaixo da marca simbólica de metade
dos votos, obtendo em torno de
42%. Em 2001, ela teve 52%.
Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), a
militância mostrou ter "compromisso estratégico" com o partido.
"Todas as teses de sustentação ao
governo e à sua política econômica saíram amplamente vitoriosas
desse processo", disse.
A preocupação da atual direção
do partido é não passar a impressão de que o crescimento dos "radicais" colocará em xeque a política econômica. Um deles -Raul
Pont (Democracia Socialista) ou
Valter Pomar (Articulação de Esquerda)- deve disputar um segundo turno contra Berzoini.
A matemática da direção para
mostrar que nada mudou é complexa. Soma a fatia que o Campo
terá com a de outra corrente moderada, o Movimento PT, "grupos regionais", como o da família
Tatto em São Paulo, e a parte da
Democracia Socialista ligada ao
ministro Miguel Rossetto.
Juntando todos esses pedaços,
chega-se a um controle de 60% do
diretório, mas a lógica tem furos.
O Movimento está rachado entre
uma ala governista e uma de oposição; os Tatto insurgiram-se contra o Campo Majoritário e nada
assegura o apoio de parte da DS.
O fato é que o Campo Majoritário, nascido em 1999 por obra de
José Dirceu, deve perder sua
maioria automática no partido.
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