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CONSELHO DE ÉTICA
Decisão mantém processos de cassação
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O Conselho de Ética da Câmara
aprovou ontem uma resolução
que proíbe os partidos políticos
de retirarem processos de cassação de deputados em andamento.
A decisão visa impedir que o PTB
recue das representações em curso no Conselho contra José Dirceu (PT-SP) e contra o líder do PL,
Sandro Mabel (GO).
O parecer, de autoria da assessoria jurídica da Câmara, afirma
que o processo se torna "indisponível" a partir de sua instauração,
"não se podendo retirar a representação como se se tratasse de
proposição comum". Dos nove
membros presentes na votação,
apenas a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) votou contra. Ela
argumentou que, no caso de desistência, o processo deveria voltar para a Mesa.
Segundo o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), o
parecer aprovado servirá como
regra, impedindo o recuo de qualquer processo em andamento a
partir de agora. A Secretaria Geral
da Mesa, entretanto, informou
que a Presidência da Câmara tem
autonomia sobre o Conselho, podendo, portanto, descartar a decisão em outros casos.
A decisão foi tomada após o
presidente do PTB, Flávio Martinez, anunciar que pretendia desistir do processo contra Dirceu e
Mabel, o que abriria espaço para
ambos renunciarem ao mandato
e evitarem o processo de cassação.
Ontem, entretanto, o PTB já sinalizava que não tentaria mais retirar a representação. "Conversei
com o Roberto Jefferson, e ele disse que, no seu entendimento, o
que o Conselho de Ética decidiu
está resolvido", disse o líder do
PTB, José Múcio (PE).
Ontem, os integrantes da comissão de sindicância da Corregedoria, encarregada de ouvir a
defesa dos 16 deputados acusados
de receberem dinheiro do suposto esquema do "mensalão", reclamaram de uma articulação orquestrada para tentar individualizar os casos, o que protelaria os
processos. A Folha apurou que
Dirceu procurou ontem integrantes da Mesa Diretora para pedir
que "se faça justiça" e seu caso seja analisado em separado.
"Não quero cometer injustiça
com ninguém", disse o deputado
João Caldas (PL-AL), quarto-secretário da Mesa.
Três dos 16 deputados deputados acusados apresentaram ontem suas defesas à Corregedoria
da Casa, que tem dificuldades para notificar os parlamentares.
O primeiro a ser ouvido foi Pedro Henry (PP-MT), que argumentou não haver provas contra
ele: "É a palavra do Roberto Jefferson contra a minha. Após três
meses de investigação não foi
produzido um único indício de
que eu tivesse recebido recursos.
Se a palavra de um deputado for
suficiente para se abrir um processo, esta Casa vai virar um samba do crioulo doido."
Depois, a Corregedoria ouviu a
defesa de João Magno (PT-MG).
Ele admitiu ter recebido R$ 429
mil -R$ 300 mil para sua campanha à Prefeitura de Ipatinga (MG)
e R$ 129 mil para quitar dívidas da
campanha. Afirmou ter apresentado notas fiscais que comprovariam o uso do dinheiro nas campanhas e disse que "cabe ao PT dizer a origem do dinheiro".
O deputado Romeu Queiroz
(PTB) disse que "não pode ser
cassado porque não pegou nenhum centavo" do dinheiro de
caixa dois de campanha recebido
pelo partido em Minas Gerais.
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