São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Esses paulistas

No que depender das lideranças não-paulistas do PT, Tarso Genro à frente, a queda de Ricardo Berzoini da coordenação da campanha de Lula foi só o começo. Na esteira de seu envolvimento na fracassada operação de compra de informações contra os tucanos, a idéia é ejetá-lo também da presidência da sigla e, depois da eleição, promover um "acerto de contas" com o PT-SP, ao qual os demais atribuem todos os males.
"Essa discussão tem de começar no dia 2 de outubro", diz um candidato a governador. "Vai ter de haver uma ruptura". Como na crise do mensalão, o discurso anti-paulista faz parte do esforço para blindar Lula.

Joelho no milho. Ontem no Alvorada, Berzoini ouviu de Lula que o setor de contra-informação do PT está mais para "central de burrice".

Como é mesmo? Berzoini disse ao presidente que, como estava entrando num elevador, não "ouviu direito" quando Oswaldo Bargas lhe avisou que ia negociar o fruto da arapongagem contra os tucanos com a revista "IstoÉ".

Em má hora. A desgraça colheu Berzoini quando ele sonhava com vôos mais altos. Em caso de boa votação para deputado, tinha em mente disputar a presidência da Câmara e, em 2008, a vaga petista na sucessão paulistana.

Tem mais. Ninguém no PT acredita que Hamilton Lacerda tenha caído da coordenação da campanha de Aloizio Mercadante ao governo apenas porque fez contato com a revista "IstoÉ". Uma das pessoas mais próximas do candidato, ele anda escondido desde o início da semana.

Especialista. As aulas ministradas por Gedimar Passos, preso quando se preparava para pagar os Vedoin pelo material contra os tucanos, no curso oferecido pelo Ministério da Justiça à polícia paulista em 2005 versavam sobre o tema "Emboscada".

Celebridade. Gedimar integrou o grupo de seguranças que o governo federal colocou à disposição de Bill Clinton na última visita do ex-presidente americano ao Brasil.

Carne queimada. O ex-CUT e churrasqueiro Jorge Lorenzetti assumiu sem demora a parte que lhe coube no desastre do dossiê para seguir o exemplo do amigo Delúbio mas também por falta de alternativa: sabia que estava inteirinho grampeado.

PT no BB. Expedito Afonso Veloso, diretor do Banco do Brasil afastado por ajudar a montar e negociar a papelada contra os tucanos, sempre chegava para trabalhar na autarquia a bordo de minivan repleta de adesivos com os dizeres: "Sou ético; sou PT".

Nem pensar. Quem conhece bem Lula aposta que, se chance havia de o presidente-candidato comparecer ao debate de primeiro turno da Rede Globo, ela se reduziu drasticamente com a eclosão do escândalo do dossiê.

Claustro. Chamou a atenção de tucanos e pefelistas o silêncio eloqüente do governador de São Paulo sobre o caso. Cláudio Lembo é sempre o primeiro a se manifestar quando há problemas na campanha de Geraldo Alckmin.

De novo. Depois de Lula, é a vez de José Sarney recorrer a comparações com Getúlio Vargas. "Ele [Vargas] nasceu no Rio Grande do Sul e foi senador por São Paulo", afirma o peemedebista na TV para tentar justificar o fato de ser do Maranhão e concorrer de novo ao Senado pelo Amapá.

Visita à Folha. Gilberto Kassab (PFL), prefeito de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Andrea Matarazzo, secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras, e de Leão Serva, assessor de imprensa.

Tiroteio

"Ao repetir o "eu não sabia" que virou mantra no PT, Berzoini fica a cada hora mais parecido com seu antecessor Genoino."
Do deputado JOÃO ALFREDO (PSOL-CE) sobre as versões contraditórias do presidente do PT a respeito de sua participação na tentativa de compra de informações para envolver José Serra na máfia sanguessuga.

Contraponto

Passa-anel

Enquanto o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), discursava ontem no lançamento do programa de governo de Geraldo Alckmin, o tucano que concorre ao governo fluminense, Eduardo Paes, redigiu um bilhete: "Aécio e Serra, meu candidato a presidente em 2010 é Cesar Maia".
Em seguida, passou o papel a José Serra, que leu, sorriu, e o repassou para o governador de Minas.
Aécio respondeu, no mesmo papel: "O meu é o Serra".
O candidato ao governo paulista, de novo com o bilhete na mão, acrescentou: "E eu estou fechado com o Aécio".
Paes recebeu de volta o bilhete e guardou:
-É um documento para a posteridade!


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