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Diretor do Banco do Brasil foi a Cuiabá negociar compra de dossiê com Vedoin
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DO ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
Escutas telefônicas obtidas
pela Folha indicam que o diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso esteve em
Cuiabá (MT) no último dia 14
negociando o dossiê contra tucanos com Luiz Antonio Vedoin, líder dos sanguessugas.
Também no mesmo dia, Vedoin deu uma entrevista à revista "IstoÉ" na qual disse que,
no esquema dos sanguessugas,
"Abel falava em nome do [ex-]
ministro Barjas [Negri] e se
tornou o principal operador no
Ministério da Saúde a partir do
segundo semestre de 2002".
As gravações também apontam que Vedoin recebeu um
recado, segundo o qual Abel
Pereira, empresário ligado aos
tucanos, "precisava falar com
ele". Não há informação se Vedoin e Abel conversaram.
Preso no dia 15 com R$ 1,7
milhão, o advogado Gedimar
Passos disse que o dinheiro seria usado para pagar o dossiê e
uma entrevista de Vedoin.
A PF destaca ao menos 18
conversas em 14 de setembro
entre Vedoin e o petista Valdebran Padilha, também preso
com Gedimar. Nas conversas,
Vedoin negocia a entrega do
dossiê contra os tucanos.
Vedoin já havia ligado quatro
vezes para Valdebran, quando
recebeu, às 11h15, o telefonema
de uma pessoa não-identificada. Essa pessoa "informa que
Abel precisa falar com ele".
Após outras ligações com
Valdebran, Vedoin liga para
outra pessoa não-identificada.
A Folha ligou para esse telefone. A mensagem de voz informava ser a caixa postal de "Expedito Berrador". Em 14 de fevereiro, Expedito, diretor do
Banco do Brasil, distribuiu boletim chamado "O Berrador",
que comparava dados dos governos FHC e Lula.
Em ligação às 16h27, "Luiz
diz [para pessoa que a PF suspeita ser Expedito] que está
chegando à frente do aeroporto
[de Cuiabá], que é para [o interlocutor] esperar".
Uma hora depois, Valdebran
pergunta qual "filme" foi passado. Vedoin diz que foi "o
completo". No diálogo, há
menção ao nome Expedito.
Numa conversada iniciada
entre Valdebran e Vedoin, na
última quinta-feira, dia em que
a compra do dossiê foi fechada,
às 14h50, Valdebran, de São
Paulo, fala que é ele que está fazendo o papel de "mediador" e
não "a turma" em Cuiabá.
Valdebran informa que já havia recebido a metade do valor
combinado e que os compradores, de posse da outra metade,
aguardavam que Vedoin enviasse o restante do material
prometido.
Tudo indica que "a turma" à
qual Valdebran se referiu trata-se de Expedito Afonso Veloso,
diretor licenciado do Banco do
Brasil que passou a trabalhar
na campanha de Lula.
Poucos minutos depois, às
15h05, Valdebran e Vedoin voltam a se falar. Valdebran diz
que está tudo certo e que Vedoin receberia os R$ 2 milhões.
Na mesma conversa, os dois
se referem a uma pessoa não
identificada oficialmente pela
PF. Segundo a Folha apurou,
as suspeitas recaem mais uma
vez sobre Expedito.
Vedoin diz que, como a pessoa não identificada iria embora no mesmo dia, ele não teria
como enviar o material a São
Paulo por ela naquela hora.
Valdebran fala então para
Vedoin encaminhar o material
no dia seguinte. O empresário
da Planam, então, se nega a entregar a fita, alegando que a negociação não estava ocorrendo
da forma combinada. Valdebran, para tranqüilizá-lo, diz
que a parte dele havia sido feita, ou seja, confirmou a existência do dinheiro acertado.
(HUDSON CORRÊA E LEONARDO SOUZA)
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