São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Senador diz que assessor agiu sem consultá-lo

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que não foi consultado sobre o episódio envolvendo o coordenador de seu programa de TV, Hamilton Lacerda, e a revista "IstoÉ".
"Quero dizer que ele jamais me consultou, nunca autorizei qualquer participação de membros da minha campanha em um processo dessa natureza."
De acordo com Mercadante, ele tomou conhecimento do assunto em um blog da internet ontem. Mas, já na segunda-feira, o nome Hamilton Lacerda circulava no PT de São Paulo como sendo um dos que tomaram parte na operação do dossiê contra tucanos.
O próprio Mercadante, no entanto, ressaltou que não pairam mais dúvidas sobre a atuação de membros de seu partido no escândalo do dossiê.
"É inquestionável a participação de petistas nesse processo de dossiê. Acho muito grave. Essa atitude é incompatível com a nossa história política e, em particular, incompatível com a minha e a do presidente Lula", afirmou.
O senador, que passou a tarde fechado em reuniões com a cúpula de sua campanha, convocou uma entrevista no início da noite para falar do assunto.
De início, ele disse que Lacerda seria afastado se surgissem provas contra o coordenador. Ao final da entrevista, no seu comitê de campanha, na região central de São Paulo, ele confirmou o afastamento.
O petista aproveitou a entrevista para rebater os ataques desferidos contra ele por José Serra (PSDB). O tucano citou nominalmente o senador ao se referir à crise dos dossiês.
"O meu adversário José Serra, depois de três dias nos quais não teve agenda de campanha recluso em sua casa, reaparece e, ao que tudo indica, com atitude desequilibrada e irresponsável faz acusações que são inaceitáveis."
Na reunião de ontem à tarde, Mercadante ouviu conselhos de integrantes de sua campanha que defendem um ofensiva sobre Serra como forma de "abrandar" a crise.
Na entrevista, ele pediu apurações sobre as denúncias veiculadas pela revista "IstoÉ".
"Espero que o rigor das investigações nesse episódio que envolve petistas não seja pretexto para que o capítulo sanguessugas seja varrido para baixo do tapete", disse.
O escândalo do dossiê agravou a divisão no PT paulista. Excluído da campanha, o grupo da ex-prefeita Marta Suplicy não aceita participar da "operação bombeiro" montada para ajudar Mercadante. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG E MATHEUS PICHONELLI)

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