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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF identifica bancos de onde dinheiro saiu
Parte do R$ 1,7 milhão apreendido foi sacado em agências dos bancos Safra, Bradesco e BankBoston, segundo a Folha apurou
A polícia teria também, entre os documentos levantados até agora, os comprovantes dos saques em dinheiro desses bancos
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
A Polícia Federal identificou
que a maior parte do dinheiro,
em reais, que seria usado por
integrantes do PT para comprar o dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo pelo
PSDB, José Serra, foi sacado
em agências dos bancos Safra,
Bradesco e BankBoston, segundo a Folha apurou.
A reportagem não conseguiu
confirmar de quais agências o
dinheiro teria sido sacado, mas
informações iniciais apontavam para o município de Duque de Caxias (RJ) e bairro de
Campo Grande, no Rio. A PF
teria também, entre os documentos levantados até agora,
comprovantes dos saques em
dinheiro desses bancos.
O delegado da PF Diógenes
Curado Filho, abriu inquérito
em Cuiabá (MT) para apurar a
origem do dinheiro apreendido
com os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos em SP.
Os dois foram presos em hotel
na capital com US$ 248,8 mil e
R$ 1,168 milhão.
A assessoria da PF não confirmou nem descartou os nomes dos bancos. Ao decretar as
prisões de Gedimar e Valdebran, o juiz federal de Cuiabá
Cesar Augusto Bearsi disse haver suspeita de lavagem de dinheiro e de origem ilícita.
O advogado de Gedimar,
Cristiano Maronna, disse ontem que seu cliente não cometeu crimes. Gedimar, indiciado
por supressão de documentos,
não quis falar em novo depoimento à PF anteontem. Valdebran também nega ter dados
sobre a origem do dinheiro. O
petista disse que nem chegou a
manusear as notas, que viu em
uma bolsa preta.
A PF informou que deve ouvir hoje o empresário Luiz Antonio Vedoin, da Planam, chefe
da máfia das sanguessugas, em
Cuiabá. Jorge Lorenzetti, ex-assessor de campanha de Lula
que confirmou ter interesse no
dossiê, deve ser ouvido em Brasília hoje. A PF deve colher depoimentos também de Oswaldo Bargas, petista ligado ao
presidente do partido, Ricardo
Berzoini, e de Expedito Afonso
Veloso, que se afastou ontem
do cargo de diretor do Banco
do Brasil e também é suspeito
da negociação para a compra
do dossiê. Veloso se afastou ontem da campanha do presidente Lula e Berzoini deixou a
coordenação da campanha.
A Folha apurou que o Ministério Público Federal trabalha
com a possibilidade de responsabilizar envolvidos na compra
do dossiê por denunciação caluniosa com intenção de prejudicar o processo eleitoral.
Diógenes disse ontem que ficou descontente com os depoimentos de Gedimar e Valdebran. Segundo ele, Gedimar se
recusou a falar e Valdebran
"omitiu" e "dissimulou". Questionado se as investigações seriam concluídas antes da eleição, disse que a imprensa dá ao
caso cunho eleitoral. "Sei que
tem pressão forte, porque isso
pode ter uma influência na
questão eleitoral. A PF não está
analisando dessa forma."
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