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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Alckmin diz que PT perdeu vergonha de roubar; Maia pede impeachment
No Rio, tucano afirmou que Lula "quer é impunidade, porque a impunidade é a mãe da corrupção"
O prefeito Cesar Maia (PFL),
que acompanhava a visita do presidenciável, disse
que presidente "delinqüiu
e tem de ser processado"
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
No lançamento do seu programa de governo, o candidato
do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, deixou de lado o
tema principal e, ao lado de dirigentes do seu partido e do
aliado PFL, intensificou os ataques ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, seu adversário.
"Quero deixar de lado a questão eleitoral, porque a questão
hoje é muito maior e mais grave
que a questão eleitoral. Não estamos enfrentando candidatura, mas uma sofisticada organização criminosa incrustada no
Estado brasileiro", disse.
A PF prendeu semana passada quatro pessoas acusadas de
negociar dossiê com supostas
informações ligando o PSDB à
máfia dos sanguessugas.
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), pediu abertamente o
impeachment de Lula. O presidente do PSDB, senador Tasso
Jereissati (CE), afirmou que o
tom duro subirá a partir de agora nos programas de TV de
Alckmin. Para ele, o escândalo
acaba com a "idéia de que o governo era uma coisa, e o PT, outra". "Lula, PT e governo viraram uma coisa só."
No evento, realizado na marina da Glória (zona sul do Rio),
o candidato tucano disse ainda
que os petistas "perderam a
vergonha de roubar" e que Lula
"quer é impunidade, porque a
impunidade é a mãe da corrupção". Ele qualificou como "coisas ridículas" as informações
trazidas no dossiê dos Vedoin
contra ele e o candidato ao governo de São Paulo, José Serra
(PSDB), presente à cerimônia.
Apresentador da solenidade,
Maia disse que o impeachment
é "inexorável, inevitável".
O constitucionalista Luiz Roberto Barroso explica que a lei
1.079/1950 autoriza "qualquer
cidadão a denunciar o presidente da República" perante a
Câmara de Deputados. Maia
poderia fazê-lo, como pessoa física, caso desejasse, mas não
como representante do PFL.
"Um fato desses exige o convencimento de uma alta e impessoal personalidade da sociedade civil, para prosperar", disse Maia. De manhã, porém, o
prefeito disse que só entidade
da sociedade civil deve mover o
processo.
"É o início do velório [de Lula]. Já cabe processo de impeachment há muito tempo. O
presidente delinqüiu e tem de
ser processado. Fico mais assustado na hipótese improvável de ganhar eleição, porque
entra com governo desestabilizado, respondendo a processo
de impeachment imediatamente", disse Maia, para quem
"não dá para governar com grupo de delinqüentes".
Moderado
Do PFL, também estiveram o
presidente nacional, senador
Jorge Bornhausen, o prefeito
de São Paulo, Gilberto Kassab,
e o senador José Jorge (PE),
candidato a vice-presidente na
chapa de Alckmin.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), evitou falar sobre impeachment.
Disse que é um tema a ser tratado após a eleição, caso Lula
vença. Ele afirmou estar surpreso com o novo escândalo.
"Esse episódio vai ficar conhecido na política brasileira como
o maior tiro no pé já dado por
um partido político ou por um
governo." Disse respeitar "pessoalmente o presidente", mas
que "o que está muito claro já é
que o PT, através de seus principais dirigentes, com cargos na
direção nacional, com funções
executivas na campanha, patrocinaram esse projeto."
Bornhausen disse que Lula
deveria saber dos atos de seus
companheiros e que o petista
Oswaldo Bargas, ex-secretário
de Ricardo Berzoini no Ministério do Trabalho, poderia escrever mais um capítulo do
programa de governo. O que
trataria do "crime eleitoral organizado". Bargas redigiu o capítulo sobre emprego e trabalho do programa do PT.
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