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ANÁLISE
Corrida de Dilma, por ora, é contra Ciro
MELCHIADES FILHO
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
É para evitar que Ciro Gomes
vire, por inércia, o candidato
oficial da base governista que o
comando da candidatura de
Dilma Rousseff passou, nas últimas duas semanas, a se movimentar tão freneticamente.
O plano original era que a
trajetória de Dilma fosse um foguete com dois estágios: em
2009, a consolidação do nome
junto à militância do PT e do
governo federal; em 2010, a divulgação maciça da herdeira de
Lula em uma campanha plebiscitária contra os tucanos.
A candidatura de Ciro (PSB),
mais até do que a de Marina Silva (PV), rasgou o roteiro, porém. Ciro resiste mais forte do
que o previsto nas pesquisas, à
frente da ministra da Casa Civil
em quase todos os cenários.
A engenharia do foguete Dilma teve, então, de trabalhar
com um terceiro estágio, intermediário: ultrapassar, antes de
fevereiro, o deputado cearense
e convencê-lo a aceitar uma tarefa auxiliar do projeto (concorrer ao governo de SP).
Para esvaziar a candidatura
nacional de Ciro, Planalto e PT
aceleram em duas frentes.
Uma, institucional, é antecipar a aliança de Dilma com o
máximo de partidos da coalizão
lulista. Por isso a ministra passou a se reunir com tantas siglas: PMDB, PR, PRB, PP e os
parceiros do PSB no "bloquinho" (PC do B e PDT). O objetivo é estrangular o PSB, deixando-o sem parceiros nem tempo
de TV, a ponto de desestimular
o emotivo Ciro e, sobretudo, induzir a cúpula da legenda a ficar
desconfortável com o voo solo.
A outra frente é a da pura
propaganda. Dilma tenta compensar o tempo e a energia perdidos no tratamento do câncer,
no embate contra Lina Vieira e
no abraço com José Sarney. Daí
ter trocado as reuniões internas de trabalho por qualquer
evento público filmável/fotografável -pescaria no São
Francisco, culto evangélico etc.
Além da agenda de governo
travestida, a ministra tem outros trunfos publicitários para
deixar Ciro para trás ainda em
2009: 1) as eleições internas do
PT, que provocarão milhares
de filiados e muito debate em
todo o país, em novembro; 2) o
programa do partido em rede
nacional de TV, em dezembro;
3) o abandono da peruca usada
durante a quimioterapia e a
aparição com o cabelo curto,
escovinha -um "Jornal Nacional" capaz tanto de humanizar
a candidata como de reforçar
sua imagem de dura na queda.
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