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INVESTIGAÇÃO
Ação do Ministério Público refere-se a contas do ex-prefeito e de seus familiares em paraíso fiscal britânico e na Suíça
Promotoria pede bloqueio de bens de Maluf
RONALD FREITAS
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo entrou ontem com uma
ação cautelar pedindo o bloqueio
judicial de bens e o exame de dados financeiros do ex-prefeito
Paulo Maluf (PPB) e de seus familiares na Suíça e em Jersey, onde
são beneficiários de contas bancárias abertas em nome da empresa
Red Ruby (Rubi Vermelho). A
empresa tem sede nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal do Caribe.
A ação, que será analisada pela
juíza da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Sílvia Maria Meirelles Novaes de Andrade, é uma
tentativa da promotoria de obter
dados sigilosos dos procedimentos investigatórios abertos nos
dois paraísos fiscais europeus para apurar crimes de lavagem de
dinheiro atribuídos a Maluf.
Caso a Justiça paulista se decida
em favor da promotoria, o pedido
será encaminhado aos dois países
por intermédio do Ministério das
Relações Exteriores.
A expectativa inicial das autoridades brasileiras era embasar o
pedido de informações com a
ação dos precatórios, na qual Maluf era réu. Em 31 de outubro, a
juíza Adriana Soveral determinou
a exclusão do ex-prefeito da ação,
sob a alegação de que o suposto
crime estava prescrito.
Na ação, a promotoria solicitou
às autoridades financeiras de Jersey o bloqueio judicial dos US$
200 milhões, suposto valor total
dos depósitos na ilha, e o exame
das contas bancárias que tenham
como beneficiários o ex-prefeito,
sua mulher, Sylvia, os quatro filhos -Lígia, Otávio, Flávio e Lina- e a nora Jacqueline.
No pedido dirigido à Suíça, o
Ministério Público transcreveu o
ofício enviado ao Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras) por autoridades financeiras da Suíça, que informaram que,
entre 1985 e 1997, Maluf e seus familiares eram beneficiários de
contas abertas no Citibank de Genebra. Em janeiro de 1997, o dinheiro foi transferido para Jersey.
Ao contrário da Suíça, o Reino
Unido, ao qual a ilha de Jersey está
subordinada, não mantém tratado de cooperação judicial com o
Brasil. A promotoria reconhece
que vai depender da "boa vontade" das autoridades de Jersey.
A promotoria suspeita que o dinheiro foi obtido com o superfaturamento de obras viárias realizadas na gestão Maluf. A família
Maluf tem negado a posse de dinheiro no exterior.
Batalha judicial
Os advogados José Roberto Leal
e Maurides de Melo Ribeiro, que
trabalham na defesa de Maluf, entraram com duas representações
contra o juiz federal Fernando
Gonçalves, da 7ª Vara Criminal,
na última semana.
Reclamaram à OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) e ao
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 3ª Região que o juiz violou
"prerrogativas inerentes ao exercício da advocacia" ao vetar-lhes
o acesso a documentos vindos de
Jersey e da Suíça. O juiz diz que
sua sentença foi confirmada pelo
TRF, após recurso da defesa.
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