NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Racionais, o grupo de rap que impôs a periferia à indústria cultural, deu as caras na TV, afinal. Foi ao Yo!, do também rapper Thaíde.
E foi na madrugada do Dia da Consciência Negra, para Mano Brown bradar:
- Pros pretos, no Brasil, a solução é falar "não". É se impor, não aceitar qualquer coisa. Não entrar no jogo dos caras.
Depois:
- Somos descendentes de escravos, temos todos os motivos para sermos ideológicos. E eu sou bem mansinho, se for ver. Podia ser muito mais atacado. Os caras têm que dar graças a Deus de eu ser mansinho.
Correm os anos e o Racionais ainda parece ter a verdade a seu lado, soa "verdadeiro".
Quando Brown se descreve como "mansinho", ele aparenta estar de fato se esforçando para conter o ódio da periferia por "300 anos de favela".
Muita da sensação de estar diante de um grupo "autêntico" vem do "não" do Racionais. Brown, Edy Rock, Ice Blue e KL Jay só falam à "mídia", caso deste jornal, por monossílabos. Abriram a exceção por Thaíde e só. Brown, sobre a mídia:
- Eles têm de capitalizar, em forma de dinheiro, o nosso espírito. Eles têm o dom de fazer tudo virar moda. Tudo na mão deles vira moda. A mídia tem esse dom de deixar tão popular que perde a essência.
Entra Ice Blue:
- Os caras ficam que nem cientista maluco, querendo estudar todos os baratos que a gente fala, as entrevistas.
Para não se deixar dissecar e "banalizar", o Racionais diz "não". Se fizesse diferente, nem existiria mais.
 
O Racionais, apoio de primeira hora de Lula, nem é citado nos planos da "festa popular" que Duda Mendonça prepara para a posse.
O PT que diz "sim" quer mesmo é Zezé di Camargo e Luciano, Skank. O marqueteiro promete, com essas coisas, adiantar todo o "modo Lula de governar". Na rádio Bandeirantes, anunciou Duda:
- Nada de smoking ou longo.
A recepção no Itamaraty, garante, "não será em black-tie". Um revolucionário.


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