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São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2003

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Presidente volta a defender reforma política e controle externo da Justiça

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender ontem o controle externo do Judiciário ao falar sobre a reforma desse Poder. Afirmou também que pretende aprovar, até o final de seu mandato, a reforma política, sobretudo o item que trata do financiamento público de campanha.
Durante um almoço para cerca de 400 políticos e empresários, em um restaurante da orla de Maceió (AL), Lula discursou de improviso durante 20 minutos. Os jornalistas não tiveram acesso.
À noite, a assessoria distribuiu o discurso. Sobre o Judiciário, Lula disse: "Depois vamos entrar com a reforma no Poder Judiciário. E ninguém precisa ficar zangado, porque ninguém quer tirar poder de juiz. O que nós queremos é apenas assegurar que todos nós sejamos iguais perante a lei. E se o Poder Executivo tem fiscalização e o Poder Legislativo tem fiscalização, por que o Poder Judiciário não pode ter o controle externo da sociedade, para que ele possa funcionar? Qual é o problema?".
No discurso feito no restaurante, o presidente também defendeu a aprovação da reforma política com financiamento público de campanha. Para Lula, o atual sistema é um absurdo, pois os empresários financiam políticos que assumem [os mandatos] apenas para governar para os próprios empresários [financiadores].
O discurso do presidente aconteceu depois do almoço, logo após um pronunciamento do governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB). Após criticar os EUA, o presidente acrescentou que está trabalhando muito para fazer com que a China e a Rússia façam parte do chamado G3 (bloco formado por Brasil, Índia e África do Sul). Segundo o presidente, juntos, os cinco países têm mais da metade da população mundial, o que garantiria mais força nas negociações com os países ricos.
Lula desembarcou em Alagoas, único Estado em que foi derrotado nas últimas eleições, pela manhã. Em seguida, fez uma visita ao município de União dos Palmares, onde lembrou a luta de Zumbi contra a escravidão.
À tarde, acompanhado das ministras Benedita da Silva (Assistência Social), Emília Fernandes (Políticas para as Mulheres) e Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), foi para o restaurante, onde se encontrou com o cantor e compositor Martinho da Vila.
Aos convidados, Lula disse que venceu a herança deixada pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e recuperou a credibilidade internacional do país. O presidente também classificou como ótimo o relacionamento entre o Brasil e a Argentina e voltou a criticar as barreiras dos EUA a produtos brasileiros.
Ainda em seu discurso, Lula atacou a guerra fiscal entre os Estados. "Será uma ilusão imaginar que com isso [a guerra fiscal] a gente vá gerar o desenvolvimento, porque, muitas vezes, não é apenas o terreno ou a isenção de impostos que faz o empresário decidir ir para esse ou para aquele Estado. O que o faz decidir é a infra-estrutura de transporte dos seus produtos, a qualificação da mão-de-obra existente na região e, o mais importante, é o mercado para consumo dos produtos."


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