São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

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CPI quer analisar ligações entre Lacerda e estatal

RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes da CPI defenderam ontem o aprofundamento das investigações sobre a troca de telefonemas entre Hamilton Lacerda, um dos petistas que teriam negociado o dossiê antitucano, e o gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa.
A Polícia Federal investiga a troca de 15 ligações telefônicas entre 2 de agosto e 14 de setembro, um dia antes da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha com o R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra do dossiê. Lacerda, que foi expulso do PT, é apontado pela PF como o homem que entregou o dinheiro a Gedimar.
"As datas das ligações são um indicativo da participação do Santarosa no caso. Isso merece e deve ser investigado pela CPI", disse Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos sub-relatores da comissão. Hoje a CPI pretende aprovar requerimento de convocação de Lacerda.
Sampaio pediu à CPI um cruzamento das ligações trocadas e, segundo ele, "houve ligações, em um número elevado, apenas em um período específico, o da negociação do dossiê."
"Possivelmente vamos investigar, ou, na pior das hipóteses, vamos fazer uma ponte com a CPI das ONGs", disse Fernando Gabeira (PV-RJ), referindo-se à possibilidade de o Senado instalar uma CPI para investigar o repasse de verbas federais para organizações não-governamentais.
A assessoria de imprensa da Petrobras afirma que as ligações ocorreram porque Lacerda pleiteava ingresso para o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. A estatal patrocina a montadora Willians.
A CPI deve ouvir hoje o depoimento de três peças fundamentais no caso do dossiê: Valdebran, Gedimar e o ex-coordenador de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o articulador da trama. Gedimar e Lorenzetti recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para terem assegurado o direito de não responderem a perguntas que possam incriminá-los.
Gedimar trabalhava na campanha de Lula subordinado a Lorenzetti, que nega ter conhecimento de que a aquisição do dossiê envolveria pagamento de dinheiro.

Prorrogação
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse ontem ser "absolutamente inviável" prorrogar para o final de janeiro o funcionamento da comissão, que acaba em dezembro. Segundo ele, os últimos depoimentos ocorrerão na semana que vem, prazo a partir do qual começará a ser elaborado o relatório final.
Jungmann, Gabeira e a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) tentam aprovar a prorrogação com o objetivo de dar tempo para um relatório final mais robusto.
Biscaia argumento que o regimento do Senado não permite o funcionamento de CPIs durante o recesso parlamentar, que começa em 23 de dezembro e vai até 31 de janeiro.


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