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CPI quer analisar ligações entre Lacerda e estatal
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI defenderam ontem o aprofundamento
das investigações sobre a troca
de telefonemas entre Hamilton
Lacerda, um dos petistas que
teriam negociado o dossiê antitucano, e o gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa.
A Polícia Federal investiga a
troca de 15 ligações telefônicas
entre 2 de agosto e 14 de setembro, um dia antes da prisão de
Gedimar Passos e Valdebran
Padilha com o R$ 1,7 milhão
que seria usado para a compra
do dossiê. Lacerda, que foi expulso do PT, é apontado pela
PF como o homem que entregou o dinheiro a Gedimar.
"As datas das ligações são um
indicativo da participação do
Santarosa no caso. Isso merece
e deve ser investigado pela
CPI", disse Carlos Sampaio
(PSDB-SP), um dos sub-relatores da comissão. Hoje a CPI
pretende aprovar requerimento de convocação de Lacerda.
Sampaio pediu à CPI um cruzamento das ligações trocadas
e, segundo ele, "houve ligações,
em um número elevado, apenas em um período específico,
o da negociação do dossiê."
"Possivelmente vamos investigar, ou, na pior das hipóteses,
vamos fazer uma ponte com a
CPI das ONGs", disse Fernando Gabeira (PV-RJ), referindo-se à possibilidade de o Senado
instalar uma CPI para investigar o repasse de verbas federais
para organizações não-governamentais.
A assessoria de imprensa da
Petrobras afirma que as ligações ocorreram porque Lacerda pleiteava ingresso para o
Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. A estatal patrocina a
montadora Willians.
A CPI deve ouvir hoje o depoimento de três peças fundamentais no caso do dossiê: Valdebran, Gedimar e o ex-coordenador de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da
Silva, Jorge Lorenzetti, apontado pela PF como o articulador
da trama. Gedimar e Lorenzetti
recorreram ao STF (Supremo
Tribunal Federal) para terem
assegurado o direito de não responderem a perguntas que possam incriminá-los.
Gedimar trabalhava na campanha de Lula subordinado a
Lorenzetti, que nega ter conhecimento de que a aquisição do
dossiê envolveria pagamento
de dinheiro.
Prorrogação
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse ontem ser "absolutamente inviável" prorrogar para
o final de janeiro o funcionamento da comissão, que acaba
em dezembro. Segundo ele, os
últimos depoimentos ocorrerão na semana que vem, prazo a
partir do qual começará a ser
elaborado o relatório final.
Jungmann, Gabeira e a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) tentam aprovar a prorrogação com o objetivo de dar
tempo para um relatório final
mais robusto.
Biscaia argumento que o regimento do Senado não permite o funcionamento de CPIs
durante o recesso parlamentar,
que começa em 23 de dezembro e vai até 31 de janeiro.
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