São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Ministério Público devolve relatório contra Dantas à PF

Tarso pediu que polícia apressasse entrega de documento para tirar foco de Protógenes

Procuradoria avalia que relatório parcial já reúne provas contundentes contra banqueiro, mas, por cautela, pediu um aprofundamento

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O relatório parcial da Operação Satiagraha, concluído há uma semana pela Polícia Federal e entregue ao Ministério Público Federal para eventual oferecimento de denúncia (acusação formal) contra o banqueiro Daniel Dantas, será devolvido à polícia para aprofundamento da investigação.
A entrega do documento, que resume o atual estágio da apuração dos supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro, foi acelerada por determinação do ministro da Justiça, Tarso Genro.
Disposto a desfazer a percepção de que há uma preocupação maior em punir o delegado Protógenes Queiroz, que investigou Dantas e hoje é investigado, do que o banqueiro, Tarso determinou à PF que acelerasse a conclusão do inquérito para equilibrar o noticiário.
Segundo a Folha apurou, o Ministério Público Federal em São Paulo avalia que o relatório parcial já reúne provas contundentes contra o banqueiro, mas, por uma questão de cautela, principalmente em uma investigação com tantos desdobramentos polêmicos, o melhor caminho é esperar.
A tendência é o Ministério Público aguardar a conclusão final da PF para, só então, apresentar uma denúncia contra Dantas pelos crimes de gestão fraudulenta e temerária, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
A Procuradoria quer um aprofundamento da acusação de lavagem de dinheiro. Aguarda, por exemplo, a conclusão dos laudos dos bens apreendidos nas casas e nos escritórios dos investigados e ainda a oitiva de funcionários do Grupo Opportunity, de Dantas.
Para os investigadores, as provas indicam que o Opportunity usou um fundo exclusivo para residentes no exterior para movimentar ilegalmente recursos de pelo menos 60 pessoas e empresas brasileiras. Esses clientes ainda serão ouvidos pela polícia -os nomes são mantidos em sigilo.
Segundo o relatório parcial, o banqueiro usou fazendas de gado e terrenos de minério para lavar dinheiro.
Com relação à dificuldade da PF em abrir os HDs (discos rígidos de computador) apreendidos com Dantas, a Procuradoria avalia que isso não é um obstáculo à apuração -a PF convocou peritos do exterior para tentar abrir o material.
As provas consideradas mais robustas apontam para os crimes de gestão fraudulenta e temerária da Brasil Telecom, que foi controlado por Dantas.
Foi para tentar parar o inquérito por crimes financeiros que Dantas, segundo a Procuradoria, ofereceu US$ 1 milhão a um delegado da PF ligado a Protógenes. Por conta disso, o banqueiro responde a uma ação penal por corrupção ativa.
Dantas nega ter tentado subornar um policial e diz que a investigação da PF é uma perseguição movida contra ele.


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