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Ministério Público devolve relatório contra Dantas à PF
Tarso pediu que polícia apressasse entrega de documento para tirar foco de Protógenes
Procuradoria avalia que relatório parcial já reúne provas contundentes contra banqueiro, mas, por cautela, pediu um aprofundamento
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório parcial da Operação Satiagraha, concluído há
uma semana pela Polícia Federal e entregue ao Ministério
Público Federal para eventual
oferecimento de denúncia
(acusação formal) contra o
banqueiro Daniel Dantas, será
devolvido à polícia para aprofundamento da investigação.
A entrega do documento, que
resume o atual estágio da apuração dos supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro, foi acelerada por determinação do ministro da Justiça, Tarso Genro.
Disposto a desfazer a percepção de que há uma preocupação
maior em punir o delegado
Protógenes Queiroz, que investigou Dantas e hoje é investigado, do que o banqueiro, Tarso
determinou à PF que acelerasse a conclusão do inquérito para equilibrar o noticiário.
Segundo a Folha apurou, o
Ministério Público Federal em
São Paulo avalia que o relatório
parcial já reúne provas contundentes contra o banqueiro,
mas, por uma questão de cautela, principalmente em uma
investigação com tantos desdobramentos polêmicos, o melhor caminho é esperar.
A tendência é o Ministério
Público aguardar a conclusão
final da PF para, só então, apresentar uma denúncia contra
Dantas pelos crimes de gestão
fraudulenta e temerária, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
A Procuradoria quer um
aprofundamento da acusação
de lavagem de dinheiro. Aguarda, por exemplo, a conclusão
dos laudos dos bens apreendidos nas casas e nos escritórios
dos investigados e ainda a oitiva de funcionários do Grupo
Opportunity, de Dantas.
Para os investigadores, as
provas indicam que o Opportunity usou um fundo exclusivo
para residentes no exterior para movimentar ilegalmente recursos de pelo menos 60 pessoas e empresas brasileiras. Esses clientes ainda serão ouvidos pela polícia -os nomes são
mantidos em sigilo.
Segundo o relatório parcial, o
banqueiro usou fazendas de gado e terrenos de minério para
lavar dinheiro.
Com relação à dificuldade da
PF em abrir os HDs (discos rígidos de computador) apreendidos com Dantas, a Procuradoria avalia que isso não é um
obstáculo à apuração -a PF
convocou peritos do exterior
para tentar abrir o material.
As provas consideradas mais
robustas apontam para os crimes de gestão fraudulenta e temerária da Brasil Telecom, que
foi controlado por Dantas.
Foi para tentar parar o inquérito por crimes financeiros
que Dantas, segundo a Procuradoria, ofereceu US$ 1 milhão
a um delegado da PF ligado a
Protógenes. Por conta disso, o
banqueiro responde a uma
ação penal por corrupção ativa.
Dantas nega ter tentado subornar um policial e diz que a
investigação da PF é uma perseguição movida contra ele.
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