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Emendas ao Turismo equivalem a 16 vezes verbas do ministério
Em meio à crise financeira, deputados e senadores destinam mais de R$ 8 bi para governo fazer obras para atrair turistas
A cada R$ 1 proposto para a educação, os congressistas propuseram mais de R$ 5 para turismo; nem todas as emendas se tornam gastos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento em que o governo avalia cortes de gastos
públicos para enfrentar a crise
econômica mundial, obras destinadas a atrair turistas a municípios brasileiros mobilizaram
mais de R$ 8 bilhões de emendas de deputados e senadores
ao Orçamento da União para o
ano que vem, conquistando o
topo da preferência dos congressistas na disputa por destinação de verbas públicas.
O valor corresponde a 38%
dos gastos previstos com o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) no ano que vem
(R$ 21,4 bilhões) e que estariam a salvo de cortes em 2009.
Caso todas as emendas fossem convertidas em autorizações de gastos, o orçamento do
Ministério do Turismo cresceria 16 vezes. Nem todas serão,
no entanto. Apenas a quarta
parte delas, aproximadamente,
segundo a média registrada nos
últimos anos.
Conforme as regras estabelecidas no debate do Orçamento
de 2009, cada congressista pôde apresentar até 25 emendas
individuais, no limite de R$ 10
milhões, sem contar com as de
bancadas e de comissões.
No total, o projeto de Lei Orçamentária recebeu R$ 66,5 bilhões em emendas parlamentares até sexta passada. Mesmo as
que forem incluídas na lei na
forma de despesa autorizada
não terão garantia de saírem do
papel. A liberação de dinheiro
para emendas é uma das formas tradicionais de o governo
obter votos no Congresso.
As preferências dos congressistas se manifestaram na seguinte seqüência: turismo,
obras em infra-estrutura urbana, obras em estradas, investimentos em saúde e em esportes. A cada R$ 1 extra proposto
para a área de educação, os investimentos para atrair turistas ganharam mais de R$ 5.
O destino mais concorrido
das emendas ao Orçamento foi
o programa "Turismo social no
Brasil, uma viagem de inclusão". O programa existe desde o
início da gestão Lula e representa mais de 90% do orçamento do Ministério do Turismo. O programa prevê ações de
apoio à infra-estrutura turística nas cidades. O cardápio de
gastos é variado: obras de saneamento básico, construção
de estradas, melhorias urbanas,
investimentos em meio ambiente, qualificação profissional e campanhas de promoção
de destinos turísticos.
"Considerando que o orçamento de programação é pequeno em face das necessidades e que o turismo é uma atividade econômica muito importante no país e em franco desenvolvimento, o aporte de
emendas é fundamental e característico dos orçamentos do
ministério desde 2004", informou o ministério.
No Orçamento deste ano, de
R$ 2,7 bilhões, R$ 2, 2 bilhões
tiveram origem em emendas.
Em 2007, foram propostos R$
6,5 bilhões de emendas ao programa do Turismo. Os dados
são das consultorias de Orçamento do Congresso.
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